Adusb fortalece o ato público do dia 25 de abril

A greve das Universidades Estaduais da Bahia (Ueba) ganhou ainda mais força na quinta-feira (25). Cerca de 1.500 pessoas ocuparam as ruas de Salvador para denunciar os problemas da educação superior pública baiana e o arrocho salarial imposto pelo governador Rui Costa (PT). Professores e estudantes reivindicaram que o governo avance nas negociações e apresente uma proposta que atenda de fato às necessidades. A Adusb envidou todos os esforços políticos e financeiros na construção da mobilização, além de participar com uma delegação com enorme empenho para a luta.

A professora da Uesb, Maria Vitória da Silva, dá aulas no campus de Jequié (370 km de Salvador) e participou da atividade por acreditar que “nós infelizmente não conseguimos nada sem luta. Nós estamos aqui mostrando nossa resistência, nossa força e brigando sim porque queremos uma educação de qualidade. Porque estamos em defesa das universidades e principalmente porque estamos com arrocho salarial há muitos anos”.

O ato público foi iniciado no Campo Grande e seguiu até a Praça Castro Alves. Além da participação das Associações Docentes, da Regional Nordeste III do Andes-SN e do Movimento Estudantil, a atividade contou com a presença do presidente do Andes-SN, Antônio Gonçalves, que expôs o apoio incondicional do Sindicato Nacional à greve.

Para fortalecer o ato público, seguindo o princípio da solidariedade que sempre orientou o Fórum das ADs, o Comando de Greve da Adusb decidiu por financiar o transporte não só da delegação da Uesb em seus dois ônibus, mas também um da Uesc e um da Uneb, para os campi de Brumado e Guanambi. O entendimento é de que a unidade deve ser construída na prática política e somente a mobilização conjunta entre as quatro Universidades Estaduais permitirá o enfrentamento vitorioso contra a política de ajuste fiscal do governo Rui Costa. Neste sentido, o papel de cada Associação Docente é fundamental e deve ser valorizado, como ocorrido na quinta-feira (25). O Fórum das ADs, o espaço de organização das Associações Docentes das Ueba, é prova viva e referência nacional no Movimento Docente de construção da unidade e conquistas de importantes vitórias na Bahia.

“Inicialmente nenhum docente, nenhum discente quer greve. A greve veio como último recurso. Esse grito hoje é para mostrar ao governador que as universidades estão morrendo de inanição”, afirmou o professor da Uesb campus Vitória da Conquista (520 km de Salvador), Luizdarcy Castro, durante o ato público. O governador alega que o Movimento Docente não quer negociar, mas apesar das várias tentativas de negociação do Fórum das ADs nestes últimos quatro anos, o governo só se movimentou quando houve a deflagração da greve. O docente aponta como um dos motivos para a greve insuficiência de recursos para pesquisa e conta que “lá em nossa pós-graduação no Mestrado Profissional de Ensino em Física está faltando verba para pesquisas básicas, então como último recurso viemos hoje aqui gritar para que o governador nos escute e se sensibilize. Queremos negociar para que a universidade cumpra o papel que ela sempre cumpriu”.

Na avaliação da professora da Uesb, campus Jequié, Tânia Torreão, o governo tem totais condições de avançar no processo de negociação. A situação se trata de estabelecer prioridades. “O que eu vejo de modo geral, como cidadã, é o seguinte: tem muita propaganda para um governo que alega não ter recurso em caixa”, defende a docente. Tânia acredita que se trata de uma decisão política do governador deixar as universidades à míngua, pois é impossível dizer que as universidades estão bem. “Chegamos ao ponto de bancar as nossas próprias rotinas de papel e impressora. Eu tenho uma colega, por exemplo, (...) que compra lâmpada. Compra lâmpada porque o local de trabalho dela não tem uma lâmpada, enquanto o governador faz baile (...) e tem uma rica propaganda, o que denota que é preciso relativizar o argumento do Estado”, diz a professora.

Estudantes em luta

O dia 25 de abril também foi marcado pela presença maciça dos estudantes da Uesb, Uesc, Uefs e Uneb. A representante do Diretório Central dos Estudantes da Uesb (DCE), campus Vitória da Conquista, Naila Araújo, apontou o momento como “importante para mostrar para a população a situação das universidades estaduais porque muita gente acha que elas estão boas, que estão funcionando bem”. Relatou ainda que “durante a panfletagem a gente viu pessoas falando que nem sabiam que as universidades estavam em greve, então são importantes esses espaços para que possamos mostrar nossas pautas e ter esse contato direto com a população”.

Após o ato público, um passo de extrema importância foi dado pelo Movimento Estudantil das Ueba durante sua plenária com a aprovação de sua pauta estadual. “Tiramos uma pauta que une os estudantes das quatro universidades com a defesa dos 7% da receita líquida de impostos para o orçamento das universidades, 1% da RLI para a permanência e assistência estudantil (assegurando a autonomia universitária), repasse integral das verbas universitárias e revogação de algumas cláusulas do Mais Futuro”, afirmou Naila. De acordo com a representante do DCE, a pauta será protocolada junto ao governo do Estado na semana que vem, o que reforçará o pleito dos estudantes para o agendamento de reunião de negociação com o governo.