O ser e o fazer docente em tempos de avanço do conservadorismo
Foto: Ascom\Adusb

Como parte da Semana do(a) Professor(a) a Adusb promoveu, na sexta-feira (19), nos três campi da Uesb, a palestra “O ser e o fazer docente em tempos de avanço do conservadorismo”. O tema foi motivado pela situação política do país, onde cresce o discurso do ódio, da intolerância e do descaso com o combate as opressões. Crescem os atos de violência, motivados pela naturalização desse discurso da intolerância. Em uma eleição presidencial extremamente polarizada, onde predomina um discurso com muitos elementos do fascismo, é preciso mais do que nunca discutir o papel da docência na formação de cidadãos críticos, que compreendam a importância da defesa e ampliação da democracia, dos direitos e da liberdade de expressão. 

A palestrante Marina Barbosa, professora da Universidade Federal de Juíz de Fora (UFJF), doutora em História e ex-presidente do Andes afirma que “a conjuntura atual é resultado da relação de classes no Brasil. O ataque é contra as conquistas da classe trabalhadora, é para rebaixar a condição de vida do trabalhador”.

 A Reforma Trabalhista está neste contexto e retirou dezenas de direitos das trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. Aprovada em 2017 a contrarreforma causou um aumento do desemprego no país e da precarização das condições e relações de trabalho. Leia mais: Reforma Trabalhista gera desemprego 

A Lei da Terceirização foi outra medida severa contra a população pobre brasileira já que o vínculo terceirizado precariza os direitos trabalhistas e as condições de trabalho. A terceirização também aniquila o concurso e a possibilidade de carreira no setor público. Diante disso, Marina analisa que “a gente tem lutado e resistido muito mais para manter os direitos do que propriamente avançar em direitos”.

O processo alienante do capital contra a educação está presente na Emenda Constitucional 95, que limitou por 20 anos os gastos públicos, assim como na Contrarreforma do Ensino Médio, que prejudica a formação social dos jovens brasileiros. Uma preparação não para a vida, mas exclusivamente voltada para a exploração e a precarização no mercado de trabalho.  Leia mais: A Contrarreforma do Ensino Médio

O Projeto Escola Sem Partido que diz defender um modelo de educação “sem doutrinação e sexualização precoce” objetiva na verdade cercear o direito e a liberdade de expressão, bem como a manifestação do pensamento crítico de docentes e estudantes.  Neste sentido, Marina defende que a categoria docente “está na linha de frente em defesa da democracia e contra o autoritarismo”. 

A professora aponta como necessidade a “reafirmação do projeto de educação”, construído por profissionais da área e sociedade civil, tendo como base a pluralidade e como garantia a qualidade e equidade. “Pensar e agir coletivamente” é o papel da profissão docente para a busca de alternativas a médio e longo prazo na luta pela manutenção e conquista dos direitos da classe trabalhadora. Assim, “A comemoração do dia do professor e da professora se dá no sentido de que a profissão docente é vinculada à ação de luta e resistência”, conclui.