Em Vitória da Conquista, Rui Costa falta em cerimônia para fugir do diálogo com movimento docente

O autoritarismo e a falta de disposição para negociar do governo Rui Costa foram comprovados mais uma vez na noite de terça-feira (03/07). O gestor esteve em Vitória da Conquista para inauguração do Centro de Cultura Camilo de Jesus Lima e receber o prêmio de cidadão conquistense. A Adusb esteve presente na Câmara de Vereadores para entregar novamente a pauta de reivindicações da categoria e cobrar o agendamento de reunião de negociação. Pressionado, o governador alterou sua agenda e transferiu o evento para o Centro de Cultura, onde professoras e professores da Uesb denunciaram os ataques ao serviço público e às Universidades Estaduais da Bahia, mesmo com as tentativas de intimidação da Polícia Militar para que não exercessem seu direito à liberdade de expressão.

Ainda na Câmara de Vereadores, docentes que ocupavam o plenário foram constrangidos pela segurança do governador. O diretor da Adusb, Vinícius Correia, foi abordado para mostrar o conteúdo do cartaz que carregava. Alguns minutos depois do ocorrido, com o espaço lotado e para surpresa do público, inclusive das autoridades locais, foi anunciado que Rui Costa seguiria direto ao Centro de Cultura. Atitude extremamente irônica, visto que tudo leva a crer que o governador deixou de comparecer à “Casa do Povo” exatamente para não ouvir as demandas da população.

Rapidamente o Movimento Docente se dirigiu ao Centro de Cultura para dar continuidade aos protestos. O carro de som da Adusb já aguardava em frente ao local para o momento de denúncia. Na entrada da obra em inauguração, professoras e professores foram surpreendidos negativamente com a notícia de que a entrada no evento era restrita. Tanto a cerimônia oficial, quanto o show de Xangai, que aconteceram em um espaço cultural público, foram acompanhados apenas por convidados do governo.

“O governo Rui Costa se recusa a receber professores e professoras. Há três anos vem negando reajuste linear. Já temos uma perda acumulada em mais de 20%. Enquanto ele faz obras eleitoreiras no interior da Bahia, nós temos aqui em Vitória da Conquista exemplo explícito de fechamento de escolas da educação pública e de sucateamento das nossas universidades”, avaliou a vice-presidente da Adusb, Iracema Lima.

Ainda de acordo com a docente, um governo que coloca a educação em xeque precisa ser repensado por toda população e Rui Costa “não tem o menor pudor em retirar recursos e direitos trabalhistas. Há mais de três anos não temos editais de pesquisa. Vários de nossos professores estão migrando para universidades federais. Editais de extensão também não tem acontecido, mas ele quer viver com base em números e números nós também temos”. Conforme estudo do Dieese, esse é o maior arrocho salarial enfrentado pelos docentes nos últimos 20 anos e a primeira vez em 28 anos que o funcionalismo baiano fica há tanto tempo sem reposição da inflação.

Veja o estudo do Dieese completo.

A homenagem dos vereadores de Vitória da Conquista ao governador também foi duramente criticada pelo Movimento Docente. “É o inimigo número 1 dos servidores públicos. A gente se admira quando fica sabendo que uma pessoa dessa natureza receberá o título de cidadão conquistense, o que muito nos envergonha porque se fosse um governador que tivesse práticas e políticas diferentes a gente se orgulharia. Um governo que massacra funcionário público não merece essa homenagem”, defendeu Cristiano Ferraz, professor do Departamento de História da Uesb.

Com a aproximação da escolta oficial, a equipe de segurança, autoritariamente e ferindo o direito à liberdade de expressão, impediu que o carro de som da Adusb permanecesse ligado durante a entrada do governador no Centro de Cultura sob a alegação de “perturbação da ordem”. Professoras e professores tentaram pacificamente dialogar com o governador e entregar a pauta de reivindicações da categoria. Rui Costa não parou seu percurso até a entrada na área restrita e se recusou a fazer qualquer diálogo ou mesmo aceitar a entrega do documento. Os docentes presentes foram empurrados pelos seguranças do governador.

A atividade foi avaliada positivamente por professores e professoras presentes, pois cumpriu o papel de denunciar o descaso do governo com a educação e o serviço público baiano. Iracema Lima ressaltou que “temos que resgatar a nossa história e a história do povo baiano é de luta, é de resistência e a gente não irá se furtar disso”.