Greve dos caminhoneiros chega ao 4° dia. É preciso toda solidariedade e unificar as lutas em curso

A greve dos caminhoneiros entrou no quarto dia nesta quinta-feria (24), numa das maiores paralisações da categoria nos últimos anos. A mobilização que atinge diversos pontos em todo o país já começa a afetar a circulação de mercadorias e o abastecimento de combustível, impactando consequentemente vários setores como empresas de ônibus públicos, aeroportos, funcionamento de indústrias de alimentos e automotiva, Correios, entre outros.

Em vários locais há protestos, com operação tartaruga, interdições totais ou parciais e queima de pneus. Filas com dezenas e até centenas de caminhões estacionados à beira de estradas mostram a forte adesão à paralisação.

A Abcam (Associação Brasileira de Caminhoneiros), entidade que organiza os caminhoneiros autônomos, estima que cerca de 300 mil trabalhadores aderiram à paralisação em todo o país, que atinge pelo menos 20 estados e o Distrito Federal.

Há mercadorias presas na estrada, congestionamentos e filas imensas nos postos de gasolina das cidades. Segundo o servidor municipal da Paraíba, Antonio Radical, da direção  CSP-Conlutas, João Pessoa, capital do estado, está praticamente parada em decorrência da greve. “A paralisação da rodovias, como a BR 230, do setor urbano, e outras rodovias está parando a cidade toda e os ônibus reduziram em 25% o funcionamento da frota”, disse.

O governo ensaiou promessas de redução de impostos sobre os combustíveis, mas até agora a categoria está avaliando as propostas como provocação, pois são vistas como insuficientes para reduzir o preço do diesel, o principal motivo da paralisação.

Todo apoio! É preciso unificar as lutas!

A mobilização dos caminhoneiros se fortaleceu desde segunda-feira e vem tendo a simpatia e o apoio da população. Não é à toa. A bronca contra a alta do preço dos combustíveis é geral.

Desde o final do ano passado, o valor da gasolina ultrapassou a barreira dos R$ 4 e vem aumentando gradativamente. O litro da gasolina comum chegou a ser vendido a R$ 5,26, segundo dados oficiais da Agência Nacional do Petróleo. O valor é o mais alto já registrado. O preço médio nos postos de gasolina, que chegou a R$ 4,28, também é o maior da história do Plano Real.

A escalada nos preços dos combustíveis é reflexo da atual política de reajustes praticada pela Petrobras, que acompanha as oscilações do mercado internacional, do preço do barril de petróleo e do dólar. No caso do diesel, que abastece caminhões, a alta desde que essa política passou a ser implementada é de 55,09%. No caso da gasolina, o aumento acumulado é de 54,51%.

O presidente da Petrobras, Pedro Parente, rejeitou qualquer possibilidade de mudar essa política, que serve aos interesses dos acionistas estrangeiros que hoje controlam a empresa e é consequência do processo de privatização da estatal, que avança desde o governo FHC, passando por Lula, Dilma e agora Temer.

Para o integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Luiz Carlos Prates, o Mancha, é preciso cercar de solidariedade a mobilização dos caminhoneiros, bem como fortalecer e ampliar essa luta, unificando com outras mobilizações em curso.

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“A guerra social que governos e patrões desencadearam contra os trabalhadores vem piorando a cada dia as condições de vida do povo. Por isso, estamos assistindo diversas lutas em curso em todo o país, como essa greve de caminhoneiros, dos metalúrgicos da Mercedes, de professores e servidores estaduais e municipais por todo o país, petroleiros também preparam a luta contra a privatização, enfim, a classe trabalhadora está em luta, colocando todos essas governos em xeque”, avalia Mancha.

“É preciso cercar a greve de caminhoneiros de todo apoio e solidariedade, mas, mais do que isso, é tarefa do movimento sindical combativo fortalecer e ampliar essa mobilização, buscando a unificação com as outras lutas em curso, pois todas têm o mesmo fio condutor: a luta contra os ataques de governos e patrões”, disse.

“A luta dos trabalhadores pode barrar os ataques, baixar os preço dos combustíveis, impedir a privatização da Petrobras e garantir uma empresa 100% estatal sob controle dos trabalhadores, enfim, conquistar nossas reivindicações, e por para fora esse Temer e os corruptos do Congresso”, defendeu.

Fonte: CSP-Conlutas com alterações da Adusb