Ocupa Brasília: Manifestantes resistem contra Temer e as reformas

Mais de 150 mil pessoas ocuparam Brasília. Forte repressão policial foi registrada.

Mais de 150 mil pessoas marcharam em defesa de seus direitos na quarta-feira, 24 de maio, em Brasília. Convocada pelas centrais sindicais, a manifestação demostrou a força e a organização da classe trabalhadora contra o ajuste fiscal e pela saída de Michel Temer da presidência do país. Apesar da forte repressão policial, os manifestantes se mantiveram firmes e protagonizaram um momento histórico numa das maiores marchas registradas na capital brasileira.

Trabalhadores, militantes de diversos movimentos sociais, estudantes, idosos e crianças se somaram às fileiras da luta. Com máscaras de tecidos, faixas, bandeiras e uma forte unidade, os manifestantes enfrentaram o aparato repressor do Estado e demostraram sua disposição à luta contra a retirada de direitos.

A marcha, que se iniciou por volta de 12h no Estádio Mané Garrincha, seguiu até o cerco da polícia ao Congresso Nacional. Com estruturado esquema de saúde e segurança, os militantes resistiram e só encerraram a manifestação após decisão dos organizadores, retornando de forma ordeira ao Estádio Nacional.

A CSP-Conlutas e o Andes-SN desempenharam um papel importante na construção do Ocupa Brasília formando um grande bloco de luta, no qual convocava os brasileiros para a construção de uma Greve Geral de 48h. A caravana da Adusb prontamente se apresentou na linha de frente do movimento auxiliando no cuidado dos (as) feridos (as), numa das milhares demonstrações de solidariedade vistas durante a marcha. 

Repressão policial

Brasília foi sitiada. Barreiras de policiais militares foram montadas na entrada da Esplanada dos Ministérios e na Praça dos Três Poderes, com o intuito de impedir a marcha a qualquer custo. A princípio, os manifestantes seriam revistados pela polícia, no entanto o quantitativo de pessoas limitou a ação dos agentes.

Drones e helicópteros da Polícia Militar faziam voos rasantes sobre os manifestantes. Spray de pimenta, gás lacrimogênio e balas de borracha foram utilizados indiscriminadamente pelas forças de repressão, a partir do momento em que a marcha chegou à barreira em frente ao Congresso. Inicialmente toda a força policial (batalhão de choque da Polícia Militar, cavalaria e Força Nacional) se concentrou na barreira em frente ao Congresso, com o claro intuito de impedir a qualquer custo a permanência dos manifestantes no local. Depois de algum tempo, parte da força de repressão foi deslocada para cercar os ministérios. Alguns policiais utilizaram até mesmo armamento letal contra os manifestantes, conforme amplamente divulgado pela mídia. Um vendedor ambulante foi atingido por um projétil na boca, que ficou alojada no maxilar esquerdo. Ficaram feridas 49 pessoas – 41 manifestantes e 08 militares, e 07 foram detidas.

Num claro abuso de poder, o presidente Michel Temer chegou a decretar o uso das Forças Armadas -Marinha, Aeronáutica e Exército- na tarde de quarta-feira. 1500 militares se apresentaram na Esplanada dos Ministérios para “Garantia da Lei e da Ordem” no Distrito Federal, em especial a segurança da Esplanada, do Palácio do Planalto e do Congresso Nacional, conforme pronunciamento do Ministro da Defesa, Raul Jungmann.

Baseado na Lei nº 97/1999 e no artigo 84º da Constituição Federal, o Decreto previa o uso das forças nacionais até o dia 31 de maio, mas foi revogado na manhã de quinta-feira, 25 de maio, após a forte repercussão negativa da medida, inclusive entre a já esfacelada base aliada do governo.

Apesar da violência policial, a manifestação se manteve pacífica e teve casos pontuais de resposta à repressão policial.  Na tentativa de se proteger, alguns manifestantes utilizaram escudos improvisados, atearam fogo em lixos e objetos e devolveram as bombas de efeito moral lançadas contra idosos e crianças, apesar dos inúmeros pedidos de cessar fogo e calma que vinham dos carros de som, que também eram continuamente atingidos pelas bombas de gás lançadas de forma criminosa pela Polícia Militar.

 

 Não tem arrego!

O Ocupa Brasília superou a expectativa de público e demonstrou a resistência construída em todo o país. Avaliada positivamente pelas centrais sindicais, a marcha fortaleceu a vontade de lutar pela derrubada das Contrarreformas Trabalhista e da Previdência e pela revogação da Lei da Terceirização.

Protestos foram registradas em todo o país. Em Vitória da Conquista, manifestações políticas e culturais foram realizadas no Centro da cidade, organizadas pelo Fórum Sindical e Popular. Bancários e professores municipais também participaram da caravana à Brasília.

Homens, mulheres, idosos e crianças resistiram e mostraram que a luta por uma sociedade mais justa e pela defesa dos direitos só cresce. Não tem arrego! Agora é barrar as reformas e derrubar o ilegítimo governo de Michel Temer, rumo à Greve Geral de 48h.