Marcha das Mulheres mobiliza centenas de pessoas em Vitória da Conquista

O Dia Internacional da Mulher (8 de março) foi marcado pela unidade na luta entre trabalhadoras do campo e da cidade. A Marcha das Mulheres pelos Direitos Sociais, Políticos e Trabalhistas ocupou as ruas de Vitória da Conquista para reivindicar o fim da Reforma da Previdência, melhorias para a rede de proteção à mulher, normalização do abastecimento de água na zona rural e outras questões fundamentais para a vida das trabalhadoras. A Adusb construiu a atividade por compreender a importância do combate ao machismo e o papel essencial das mulheres na construção da resistência aos ataques contra a classe trabalhadora.

Vitória da Conquista é uma cidade com números alarmantes de desaparecimentos e assassinatos de mulheres. Mesmo com a existência  do Conselho Municipal dos Direitos da Mulher, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher, do Centro de Referência da Mulher Albertina Vasconcelos e da Vara Especializada em Violência Doméstica e familiar, os avanços ainda não são suficientes para suprir as necessidades.

Diante dessa situação, a Marcha protocolou documento na Prefeitura Municipal e na Câmara de Vereadores para cobrar a implantação da Casa Abrigo -moradia para mulheres vítimas de violência doméstica- e da Ronda Maria da Penha, formada por uma polícia capacitada para prevenir e combater a violência contra a mulher. Foi reivindicada a “Parada Segura”, um projeto de lei que regulamenta a parada do transporte coletivo entre 21h e 5h em outros locais do trajeto que não os pontos de ônibus para as mulheres. Ainda no sentido da prevenção, foi apontada a necessidade de reestruturar o currículo da rede municipal de maneira a debater gênero, diversidade sexual, racismo e direito ao corpo. A formação crítica das crianças e jovens contribuirá positivamente para a superação do machismo, homofobia, racismo e outras formas de opressão.

A melhoria das condições de vida das mulheres do campo também foi tratada. Com a crise hídrica da cidade, a zona rural, que já sofria com a falta de água, teve a situação agravada. Os caminhões pipa, responsáveis por abastecer os domicílios, foram reduzidos abruptamente sem qualquer diálogo com a população. Por serem responsabilizadas pelo trabalho doméstico e o cuidado da família, as camponesas terão que voltar ao duríssimo tempo da “lata d'água na cabeça”, caso o cenário não se reverta.

Na sequência do ato público, as trabalhadoras se encaminharam ao INSS para reivindicar o fim da reforma da previdência, que atingirá principalmente as mulheres que sofrem com as  jornadas triplas de trabalho devido à responsabilização machista pelo cuidado da família . As novas regras propostas por Temer igualam a idade mínima para aposentadoria entre os sexos em 65 anos e 25 anos de contribuição. A medida desconsidera que as mulheres trabalham cerca de 8 anos a mais que os homens ao longo da vida, por conta dos serviços domésticos.

O documento assinado pelos sindicatos, movimentos sociais e coletivos reafirma que o “8 de Março é um dia para lembrar que as trabalhadoras estão há muitas décadas lutando pela construção de uma sociedade de homens e mulheres livres da opressão capitalista, machista e heteronormativa”. Portanto, apesar das dificuldades que a conjuntura apresenta, a necessidade de avançar na organização e resistência da classe trabalhadora se faz ainda mais urgente. Assim como as trabalhadoras do passado ousaram sonhar com um mundo pleno e conquistaram significativas vitórias, as mulheres do agora estão fazendo a diferença no processo de transformação da sociedade.