PEC 55 que limita investimentos públicos é aprovada com repressão e champagne
Foto: Gisele Arthur

Um duro golpe contra a classe trabalhadora foi dado com a aprovação da PEC 55, em primeiro turno, na terça-feira (29). Mais de 30 mil pessoas ocuparam as ruas de Brasília em protesto à proposta de limitar os investimentos públicos por 20 anos. A polícia reprimiu de forma brutal o movimento com a cavalaria, bombas, gás lacrimogêneo e balas de borracha. Enquanto isso, senadores comemoravam com Champagne pago com o dinheiro do povo. Professores da UESB e estudantes das ocupações de Vitória da Conquista, Jequié e Itapetinga participaram da atividade e também sofreram com a violência.

Senado congela investimentos públicos por 20 anos e Câmara protege políticos corruptos

A PEC 55 trará o retrocesso dos serviços públicos no Brasil, que já sofrem com a falta de recursos. O estudo do Conselho Nacional de Saúde mostra que seus efeitos causarão redução de mais de R$ 48 bilhões na saúde até 2036. O contingenciamento também atingirá outras áreas como educação, moradia e programas sociais. A população pobre amargará ainda mais para ter acesso aos seus direitos mais básicos.

O governo, diante crise econômica, defende que a aprovação da PEC 55 tem o objetivo de controlar os gastos públicos. No entanto, o cenário de escassez foi convenientemente descartado na madrugada da quarta-feira (30), quando deputados federais aprovaram modificações ao pacote de medidas de combate à corrupção propostas pelo Ministério Público Federal. A situação revela o completo descompromisso dos ditos “representantes do povo” com aqueles que sustentam e geram a riqueza desse país. Retiram as punições dos corruptos e penalizam a população.

Repressão e silenciamento

A mídia cumpre seu papel de jogar a opinião pública contra a população que luta por direitos, bem como de valorizar o patrimônio em detrimento da vida humana. A cobertura midiática explorou largamente as imagens de manifestantes que utilizam como tática reação à violência policial. Desse modo, silencia a enorme quantidade de pessoas que ocuparam as ruas de Brasília, cantaram palavras de ordem e realizaram belas performances artísticas de protesto. Durante o golpe de 1964, a situação era muito próxima. Para desmobilizar trabalhadores, a mídia mostrava cenas de destruição e ignorava a presença da maioria formada por jovens, crianças, idosos e trabalhadores, completamente desarmados e vulneráveis ao aparato repressor do Estado.

Além disso, a quem realmente serve o patrimônio defendido à custa da agressão covarde a milhares de lutadores sociais? É sempre bom lembrar que “a desigualdade social é mais violenta que qualquer protesto”. O povo brasileiro é atacado cotidianamente ao ter suas necessidades mais básicas como moradia, alimentação, saúde e educação negadas, em benefício dos 0,3% mais ricos deste país.

O Andes-SN e suas seções sindicais envidaram todos os esforços na construção do ato público, conscientes da tarefa de contribuir para organização da classe trabalhadora. O protagonismo ficou por conta do movimento estudantil, que mais uma vez demonstrou a força da juventude nos enfrentamentos por melhores condições de vida.  

PEC 55 e Ato Institucional Nº5

Aprovada sem os destaques, que excluíam saúde e educação dos efeitos da medida ou mesmo o estabelecimento de limite para o pagamento da dívida pública, a PEC 55 segue para o segundo turno. Ironicamente sua votação está prevista para o dia 13 de dezembro, mesma data da instauração do Ato Institucional nº 5, um dos maiores marcos da censura e repressão da história do Brasil. Infeliz ou premeditada coincidência? A História responderá a essa pergunta.

A Adusb continua construindo a resistência e convocando a população a ocupar as ruas no segundo turno da votação da PEC 55.

Fora Temer e todos os políticos corruptos do Congresso Nacional!

Fonte: Adusb com informações do Conselho Nacional de Saúde