A nossa solidariedade é vital para reerguer a Ocupação Esperança
Foto: CSP-Conlutas

“A gente chora é de raiva, sabe?
A gente chora de revolta porque sabemos que o povo constrói tudo e não tem direito nem a ter um lugar pra descansar o cansaço.
Muita coisa virou cinzas.
Mas quem conhece a semente sabe, que as cinzas também são adubo.
Nós vamos reconstruir tudo!
Nós nunca vamos esquecer o dia em que, do fogo, renasceu a nossa esperança.”

Por Helena Silvestre, do Luta Popular.

 

“A gente vai ficar aqui. O nosso lugar é aqui e a gente vai se juntar, fazer mutirão e levantar nossas casas de novo”, diz determinada a moradora Marinalva de Souza da Ocupação Esperança, em Osasco (SP) .

Na tarde da terça-feira (13) um incêndio iniciado por volta das 17 horas destruiu aproximadamente 300 casas da ocupação que conta com 500 famílias.

Não há mortos nem feridos, mas famílias inteiras perderam tudo o que tinham. Alimentos, documentos, roupas, os poucos móveis e os seus próprios “barracos”, como eles mesmo chamam as moradias.

Hoje, a luz do dia, os estragos começam a ser calculados. Apesar do cenário triste, em assembleia, os moradores decidiram que não vão desistir da luta por moradia, nem do sonho que começaram há três anos. “Fizemos uma assembleia vitoriosa. O povo decidiu que vai permanecer na área, não vamos pro abrigo da Prefeitura e vamos reconstruir os barracos aqui, vamos exigir da prefeitura que limpe a área”, afirma Avanilson Araújo, dirigente do Luta Popular, movimento responsável pela ocupação e membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.

Ontem à noite Avanilson foi preso no início da noite e sofreu agressões dos policiais ao tentar entrar para socorrer os moradores. Foi liberado horas depois.

Além da prisão, houve repressão no local.  “Os moradores ao tentar entender o que estava acontecendo, conversar e dialogar, foram tratados com spray de pimenta, com cassetetes, houve uma repressão muito violenta por parte da polícia, a gente está indignado porque ao invés de ser tratado com mais cuidado, pois somos vitimas de um acidente, nos tratam como criminosos, com violência”, dia Leila Rosa, também do Luta Popular.

Os moradores que perderam suas casas foram convencidos a sair do local e não puderam retornar à ocupação. A PM impediu o retorno por questão de segurança, mas deixou muitas famílias angustiadas sem saber o que fazer.

A Prefeitura cedeu um ginásio para que pudessem se abrigar, mas muitos preferiram fazer vigília no campinho de futebol próximo ao local ou dormiram na casa de parentes e vizinhos solidários que ofereceram suas salas para hospedá-los.

Na noite de ontem vizinhos, militantes e ativistas de movimentos estiveram no local e levaram água, alimentos e cobertores.

As causas do incêndio ainda não foram anunciadas.

Os moradores da Ocupação Esperança haviam recebido em agosto uma sentença judicial que estipulava um prazo até outubro para que fosse realizado o despejo do terreno onde moram há três anos.

Entretanto, no início da semana, a Prefeitura de Osasco entregou um decreto de desapropriação do terreno para fins de moradia social, o que é considerado uma vitória diante da ordem de despejo.

A reconstrução da ocupação dependerá da solidariedade de todos.

A CSP-Conlutas convoca ativistas, movimentos sociais e sindicatos a se solidarizarem com a Ocupação Esperança.

Confira como ajudar aqui. 

Fonte: CSP- Conlutas