Adusb faz campanha em defesa da “Escola Sem Mordaça”

O Grupo de Trabalho de Política Educacional da Adusb realizou atividades na rede pública de ensino de Itapetinga e Vitória da Conquista na semana passada (09 e 11 de agosto) para apresentar e discutir a Escola Sem Mordaça. Durante o Dia Nacional de Luta em Defesa da Educação Pública (11 de agosto), a Adusb promoveu palestra com Olgaíses Maués (UFPA) e Adriana Xavier (DCE UESB) com o objetivo de dialogar com a comunidade universitária e professores(as) do ensino básico sobre o tema. A atividade contou com um grande público e mostrou o quanto é necessário barrar o avanço dos projetos de lei, defendidos pelo Movimento Escola Sem Partido, que visam criminalizar o pensamento crítico, cercear a liberdade de expressão e a autonomia pedagógica.

O debate

Para a representante do DCE, Adriana Xavier, o Escola Sem Partido é fruto da onda conservadora que avança no Brasil.  O nome do movimento induz o leitor desavisado a concluir que o objetivo é instituir um  ambiente escolar mais plural e democrático. Contudo, não é essa a proposta. Os projetos que tramitam no Congresso Nacional defendem, na verdade, a imposição de um viés ideológico extremamente reacionário sob a justificativa da neutralidade científica. Xavier entende o ato de educar como um ato político e defendeu que a educação precisa avançar, ser crítica.

A Coordenadora Nacional do GTPE do Andes-SN, Olgaíses Maués, apresentou uma análise política da América Latina da década de 1960 até os dias atuais para demonstrar que a crise estrutural do capitalismo levou ao fim os governos de conciliação de classes, representados por Lula e Dilma no Brasil, e abriu espaço para o avanço do conservadorismo. Isso se deu porque o momento econômico atual não permite a garantia de políticas de transferência de renda para a classe trabalhadora ao mesmo tempo em que mantém as altíssimas taxas de lucro para a burguesia.

Diante dessa perspectiva, o capital necessita de governos que atuem com agilidade e eficiência na retirada de direitos sociais, trabalhistas e políticos. Além disso, é preciso atuar para que a população pense que os ataques são naturais, inevitáveis ou mesmo necessários. O Escola Sem Partido nasce dessa conjuntura política. Tem como objetivo apassivar, alienar e educar a classe trabalhadora para a obediência.

Para que isso aconteça, o Escola Sem Partido defende a não discussão de temas como ética, saúde, orientação sexual e pluralidade cultural. Criminaliza professores e professoras, incita o ódio, estimula a delação e define a formação crítica como “doutrinação ideológica”, passível de ser punida na forma da lei. Além disso, um dos seus principais pilares é o mito liberal da neutralidade ideológica, como se fosse possível educar e fazer ciência de forma apolítica.

Saiba mais sobre os projetos.

A resistência criada para combater tais ataques foi denominada pelos movimentos sociais de Escola Sem Mordaça e foi considerado por Olgaíses Maués como importante instrumento de luta. A greve geral no país foi apontada como necessária para combater a onda conservadora e lutar contra os ataques aos trabalhadores.

Leia o manifesto.

Mobilização no ensino básico

No dia 9 de agosto, as representantes do GTPE, Iracema Lima (DH) e Soraya Adorno (DCHEL), visitaram o Colégio Modelo e a Escola Estadual José Marcos Gusmão, em Itapetinga. Na oportunidade, o GT discutiu com professores e estudantes sobre a natureza do Escola Sem Partido, suas características e efeitos para a educação. O boletim informativo “Adusb por uma Escola Sem Mordaça” foi distribuído em salas de aula. A comunidade escolar “aproveitou do momento em que a Universidade estava presente, via Adusb, para poder discutir um pouco mais e reivindicar também a necessidade de atividades feitas diretamente nas escolas”, pontuou Soraya Adorno.

As docentes também fizeram o trabalho de esclarecimento em Vitória da Conquista no dia 11 de agosto no Centro Integrado de Educação Navarro de Brito e Colégio Abdias Menezes. Na visita ao Centro Estadual de Educação Profissional em Saúde Adélia Teixeira - ocupado por estudantes desde o dia 8 de agosto – além de apresentar a campanha “Escola Sem Mordaça”, o GT debateu a crise da educação no Brasil, o papel dos Comitês em Defesa da Educação Pública e convidou estudantes e professores a integrarem a luta pelo investimento público para educação pública.

“É necessário a Universidade se apropriar do debate. Os espaços acadêmicos, os departamentos, os colegiados, a participação docente nesse processo é fundamental. Com isso, levar a discussão para o espaço de sala de aula, junto com o DCE, junto com os alunos do Pibid. A Adusb e o GTPE se colocaram a disposição para que haja maior participação e envolvimento desses sujeitos”, afirmou Iracema Lima. O grupo de trabalho continuará com a divulgação do Escola Sem Mordaça no ensino básico no dia 23 de agosto com visitas aos colégios de Jequié. Atividades de formação serão promovidas também em Itapetinga.