Pelo fim do machismo e pela emancipação das mulheres

As mulheres carregam nos ombros a dominação imposta por um sistema social baseado na exploração e opressão. São elas que ocupam os postos de trabalhos mais precarizados e recebem salários menores que os homens, mesmo exercendo atividades iguais. Milhares de mulheres são agredidas fisicamente, emocionalmente, ameaçadas, estupradas e mortas todos os dias apenas por serem mulheres. Segundo dados do Mapa da Violência da Mulher (2015), o Brasil registrou média de 4,8 feminícidios a cada 100 mil mulheres, ocupando a quinta posição no ranking mundial de países que mais matam por questão de gênero.

A naturalização da violência e a culpabilização das vítimas como forma de justificação dos crimes revela a misoginia da sociedade capitalista. A violência de gênero, que visa a preservação desse sistema, tem crescido de modo alarmante e marcou o mês de maio de 2016. Em Vitória da Conquista, a jovem Jéssica Nascimento, que estava grávida, morreu após ter sido agredida pelo namorado. Uma adolescente de 16 anos no Rio de Janeiro também foi vítima do machismo ao ser estuprada por 33 homens. O crime foi filmado, fotografado e publicado em redes sociais.

Somente na Bahia, foram registrados 9.795 ocorrências de violência contra a mulher no primeiro trimestre de 2016, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado. Em 2014, foram registrados 47.646 casos de estupro no Brasil, de acordo com estudo do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. A entidade estima que podem ter ocorrido entre 136 mil e 476 mil estupros, pois a maior parte das vítimas não denunciam seus agressores, já que a maior parte dos casos acontece em ambiente doméstico ou relacionado a familiares.

A luta pelo fim do machismo encontra barreiras ainda nas deficitárias políticas públicas do país. As vítimas têm que enfrentar a falta de assistência do Estado e o despreparo dos profissionais ao denunciar as violências. Por conta disso, muitas acabam por voltar a conviver com seus agressores. O foco do combate à violência contra a mulher, por meio de medidas apenas punitivistas, resultam no encarceramento da juventude pobre e negra do Brasil, deixando livres os homens brancos e de condição social elevada.

O machismo priva as mulheres de liberdades enquanto seres humanos, pois retira destas a autonomia sobre o próprio corpo e o pensamento. A repulsa pelo debate de gênero se expressa na retirada do tema dos Planos Estaduais de Educação (inclusive na Bahia), na extinção do Ministério das Mulheres e Igualdade Racial, pelo Governo provisório de Michel Temer (PMDB), além da nomeação de Fátima Pelaes, que já se posicionou contra o aborto até em casos de estupro, para a Secretaria de Políticas para as Mulheres.  Estas medidas mostram o quanto a luta feminista precisa avançar na sociedade brasileira.

A Adusb repudia a violência de gênero e acredita que a emancipação das mulheres apenas se dará através da superação da sociedade capitalista, pilar de várias formas de opressão e exploração. As lamentáveis histórias de Jéssica Nascimento e da jovem carioca vítima de estupro coletivo são reflexos do machismo e infelizmente representam outras tantas brasileiras violentadas diariamente. A Adusb acredita que o processo de formação deve ser parte integrante da política de combate ao machismo, por isso o Grupo de Trabalho de Política de Classe, Etnicoraciais, Gênero e Diversidade Sexual tem realizado debates desde 2012 sobre essa temática.

É tarefa de todos e todas combater as práticas misóginas que fazem parte do cotidiano, desde as relações domésticas e de trabalho, até a reprodução de piadas, músicas e vídeos que oprimem e agridem as mulheres. É desafio da classe trabalhadora, sejam homens ou mulheres, organizar, debater e lutar pelo fim do machismo.

Fonte: Adusb