Mauro Iasi e Golbery Lessa convocam trabalhadores para a luta contra a ofensiva conservadora

A onda conservadora e os desafios para a classe trabalhadora foi o tema da mesa de abertura do 51º Encontro da Regional Nordeste III do Andes-SN. A atividade foi realizada no dia 29 de abril em Vitória da Conquista, sede do Encontro, e contou com a participação dos professores Golbery Lessa (UFAL) e Mauro Iasi (UFRJ).

A partir de dados coletados por meio de ferramentas que contabilizam menções de termos no Google e em conteúdo de livros digitalizados, bem como a contextualização do momento histórico, Golbery Lessa deu um panorama do crescimento do conservadorismo em diversas regiões do mundo. Hittler é três vezes mais citado que Marx atualmente na internet, por exemplo. O cenário político no Brasil foi discutido, como as relações entre o possível impedimento da presidente Dilma e os reflexos para a classe trabalhadora. O apassivamento dos movimentos sociais realizado pelo Partido dos Trabalhadores também foi duramente criticado. Golbery questionou ainda qual será o equilíbrio entre direita e esquerda no próximo período no país e apontou a necessidade de recomposição de forças da classe trabalhadora para o enfrentamento contra a retirada de direitos independente de qual bloco político vença a disputa.

Para Mauro Iasi, ao analisarmos a situação política atual é importante observar as rápidas mudanças de conjuntura e a correlação de forças entre os atores envolvidos. O professor avalia que os 30 maiores monopólios empresariais do Brasil ficam de fora do “circo midiático”, mas são estes os responsáveis pelos rumos do jogo político, já que as empresas utilizam o governo para operar sob seus interesses. Tal fato demonstra o fracasso da estratégia social democrata e a necessidade da reorganização da classe trabalhadora rumo à revolução socialista.

Lessa e Iasi consideraram o impeachment da presidente como manobra do capital para acabar com um governo que não mais serve aos seus objetivos, mas ponderaram que não há como ir às ruas defender o algoz dos trabalhadores dos últimos treze anos. Valendo-se da forma como o processo de impedimento tem sido conduzido, o PT tenta proteger sua governabilidade convocando a população para a luta em defesa da democracia. Contudo, não considera que a democracia morre quando a universidade pública é atacada, quando a previdência e a saúde têm o investimento reduzido e seus trabalhadores terceirizados. “Defender a democracia é resistir a esses ataques”, ressaltou Iasi. Resta então aos trabalhadores aglutinar forças para o novo ciclo de lutas que se inicia.

O Encontro da Regional Nordeste III do Andes-SN teve continuidade no dia 30 de abril com o debate sobre novo código de ciência e tecnologia, PL 257/16 e base nacional comum curricular, além da plenária final. A categoria apontou como encaminhamento a denúncia, a mobilização e o fortalecimento da luta.