Síndrome de Burnout: Uma das faces da precarização do trabalho e do adoecimento docente
Foto: Blog do Antonio Ozaí

Em meio à intensa correria do dia-a-dia, quem pode dizer que nunca se sentiu cansado, desmotivado ou mesmo insatisfeito com o trabalho? Ao se tratar de professores(as) do ensino superior o quadro é ainda mais agravante. A valorização do produtivismo acadêmico e as poucas condições de trabalho são alguns dos fatores responsáveis pelo alto índice de adoecimento docente, em especial da síndrome de Burnout.

Com pesquisas iniciadas em meados da década de 1970, o conceito de Burnout foi criado a partir da análise de experiências pessoais e estudos de caso. As pesquisas buscavam explicar o processo de desgaste de profissionais que lidavam com atendimento ao público, em especial aqueles ligados à educação e saúde.

A síndrome é produto do estresse laboral crônico, uma espécie de resposta a não solução dos problemas, causando sofrimento ao indivíduo. Apesar de sua relação com o estresse tradicional, os sintomas do Burnout são diferenciados. O estresse é uma reação natural do corpo a situações extremas que nos ajudam a superar problemas a partir da produção de substâncias estimulantes como adrenalina. A pessoa que sofre de Burnout permanece longos períodos em estado de estresse, alterando seu ritmo, modo vida no trabalho e em casa.

A precarização do trabalho e o produtivismo acadêmico

Ao longo dos anos as universidades têm absorvido a mesma lógica do mercado e do sistema fabril, crescem as exigências de metas, qualidade e produtividade. Ao mesmo tempo, os direitos trabalhistas e as condições de trabalho têm sofrido graves ataques.

De acordo com a Associação Brasileira dos Reitores das Universidades Estaduais e Municipais (Abruem), entre 1980 e 2011, o crescimento do número de matrículas nas universidades estaduais e municipais foi de 321,83%. No entanto, o corpo técnico e docente bem como a infraestrutura das instituições não acompanhou o crescimento das matrículas.

A partir de 1990, a noção de “modernização” e “aumento de eficiência” nas universidades se intensificou. A criação das políticas de metas pelas instituições financiadoras de pesquisa e extensão, bem como a absorção destes critérios pelas universidades, estabeleceu a ideia do produtivismo no cotidiano docente. Com isso, acirrou-se a competitividade entre a própria categoria, já que os minguados recursos passaram a ser distribuídos aos mais “produtivos”, independente da qualidade da produção.

Adusb e Andes na luta contra o adoecimento

Preocupados com o crescente número de casos de adoecimento docente, o Andes-SN através do Grupo de Trabalho de Seguridade Social e Assuntos de Aposentadoria (GTSSA) tem pautado esta temática como forma de combater tais práticas. Para saber mais sobre o GTSSA e formas de se integrar a esta luta, basta entrar em contato com a secretaria da Adusb de seu campus.

A Adusb defende em sua pauta interna o desenvolvimento de ações que viabilizem a prevenção, o diagnóstico e o acompanhamento das doenças geradas pelo trabalho. Contudo, até o momento a reivindicação não foi atendida pela administração da Universidade. Após solicitação do sindicato durante a reunião do CONSU, a reitoria agendou uma reunião para tratar do tema na segunda (6).

Em 2012, a Adusb promoveu um seminário para discutir o tema. Naquele momento, pesquisas realizadas pelo professor Hector Munaro (DS) já apontavam que 66,7% dos(as) docentes da Uesb apresentavam comportamentos negativos nos itens de atividade física e controle de estresse. Em relação às formulações do Movimento Docente baiano, os dois últimos Encontros das UEBA debateram o assunto e apontaram a necessidade de combater o problema.

Tendo em vista o número dos afastamentos por doença na Uesb e outros problemas relacionados à saúde docente, é momento de centrar forças na prevenção e acompanhamento dos(as) professores(as). Além disso, é importante lembrar que a luta pelo respeito aos direitos e por condições laborais adequadas são também uma forma de combater a intensificação do trabalho, consequentemente o adoecimento.