O governador Rui Costa deixou claro seu posicionamento sobre as 13 mortes ocorridas durante a ação da Polícia Militar (PM) na madrugada da sexta (6 de fevereiro) em Salvador. Em uma comparação infeliz, o governador utilizou a metáfora de um artilheiro em frente ao gol para se referir aos policiais. Segundo relatos de testemunhas, as vítimas foram rendidas e executadas pela PM. Diante dessa chacina, a Adusb repudia a ação da polícia e se coloca ao lado dos movimentos sociais contra o genocídio da juventude negra.
De acordo com a PM, o confronto se deu após a investigação da denúncia de que um grupo planejava arrombar um banco na Estrada das Barreiras, em Salvador. Durante a troca de tiros, os jovens teriam sido feridos e levados ao Hospital Roberto Santos, onde faleceram.
A Campanha “Reaja ou Será Morto, Reaja ou Será Morta” diverge da versão oficial. Segundo fotos publicadas em redes sociais pelos próprios policiais, as vítimas apresentam ferimentos que não condizem com as informações fornecidas pela polícia. Além disso, relatos de moradores da região afirmam que “pessoas foram enfileiradas em frente às viaturas e assassinadas”. Em nota, o movimento também questiona a justificativa para a ação da PM: “A polícia fala em quadrilha de roubo a caixa de banco, porém não apresenta qualquer explosivo, não explica como esses bandidos que procuravam assaltar foram mortos perto de suas casas”.
O secretário de Segurança Pública do Estado da Bahia, Maurício Barbosa, defendeu a PM ao afirmar que “a polícia deve agir com rigor, deve ser dura” e classificou a ação como “muito enérgica”. Em coletiva de imprensa na manhã do dia 6 de fevereiro, o governador Rui Costa também se esquivou das críticas à operação. "Nós defendemos, assim como um bom artilheiro, acertar mais do que errar”, afirmou o governador.
Dados do Índice de Homicídios na Adolescência, divulgados no dia 28 de janeiro deste ano, apontam a Bahia como o segundo Estado mais letal para os jovens de 12 a 18 anos. Vitória da Conquista ocupa o 8º lugar do ranking nacional de cidades com mais de 200 mil habitantes.
O Mapa da Violência no Brasil 2014 mostra que os homicídios são a principal causa de morte de jovens entre 15 e 29 anos. O estudo ressalta ainda que “mais da metade dos 56.337 mortos por homicídios, em 2012, no Brasil, eram jovens (30.072, equivalente a 53,37%), dos quais 77,0% negros (pretos e pardos) e 93,30% do sexo masculino”. A Campanha Reaja acredita que o genocídio da juventude negra é mais que estatística, é uma “política racial de Estado”.
A presidenta da Adusb, Márcia Lemos, defende que “não podemos nos omitir” diante do ocorrido em Salvador. “O extermínio de jovens negros precisa urgentemente ser debatido pela comunidade universitária. É preciso mais do que prantear, considero fundamental nos posicionarmos contra a política racial e a violência da PM na Bahia”, ressaltou a dirigente sindical.
Fonte: Adusb com informações do Correio da Bahia, Campanha Reaja ou Será Morto, Reaja ou Será Morta, Mapa da Violência no Brasil 2014 e Índice de Homicídios na Adolescência 2012.