Um ato público no Quilombo Rio dos Macacos, na Bahia, manifestou ontem (1) apoio aos moradores da comunidade que resistem à ordem de reintegração de posse reivindicada, na justiça, pela Marinha do Brasil.
Cerca de 200 pessoas ligadas a movimentos sociais participaram da manifestação. A área tornou-se palco de uma disputa judicial e territorial a partir da década de 60, com a doação "formal" das terras pela Prefeitura de Salvador à Marinha do Brasil. No início do ano, o conflito se intensificou e ganhou repercussão quando os moradores da comunidade resistiram a ameaça de despejo.
Na terça-feira (31), integrantes do quilombo Rio dos Macacos e representantes do governo fizeram uma reunião sobre a posse da terra mas não chegaram a um consenso. Outro encontro foi marcado para daqui a duas semanas e, até lá, o governo garantiu que não haverá ações de reintegração de posse. A Advocacia Geral da União (AGU) se comprometeu em fazer uma nova petição para suspender a ação.
Além disso, na reunião, o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Carlos Guedes, garantiu aos quilombolas que dará informações sobre o relatório produzido pelo órgão na Bahia.
O Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) que reconhece a região como quilombo já foi concluído pelo Incra. Porém, segundo o integrante do núcleo de negros e negras da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Samyr Uhuru, o relatório não foi enviado para o Diário Oficial da União e no Diário Oficial do Estado, medida que daria valor legal ao estudo.
Para Uhuru, a qualquer momento o exército da Marinha pode invadir o território e tirar as pessoas de lá. De acordo com nota dos movimentos, as manifestações continuarão durante esta semana.
O Quilombo Rio dos Macacos, localizado no bairro de São Tomé de Paripe, no limite da cidade de Simões Filho e Salvador, é formado por 70 famílias que vivem tradicionalmente no local há mais de 150 anos.
Fonte: Pulsar Brasil