Após 12 dias, PM baiana encerra a greve

Um dos motivos para a decisão foi o enfraquecimento da mobilização no interior do estado, onde soldados haviam reassumido seus postos. A assembléia aconteceu após uma reunião entre os grevistas e o comando da Polícia Militar baiana. Os líderes deixaram a reunião com a garantia de que os grevistas não seriam punidos em razão da paralisação. O governo baiano, no entanto, venceu a queda de braço: não haverá reajuste superior a 6,5%.

Sem canais de interlocução no governo nem apoio da população, o movimento perdeu força ao longo da última semana, quando foi divulgada uma interceptação telefônica que comprometi o líder do movimento gevista, Marco Prisco, presidente da Aspra (Associação de Policiais e Bombeiros do Estado da Bahia). Acusado de incitar atos de vandalismo durante a greve, ele está preso desde a quinta-feira 9.

Em 12 dias de greve, 157 pessoas foram assassinadas na capital, Salvador, e região metropolitana. Assombroso, o número é quase o dobro do índice de homicídios registrados na localidade em condições “normais”.

Segundo o diretor do Departamento de Homicídios e Proteção a Pessoa, Arthur Gallas, a tragédia não ocorre por acaso. Em declaração ao jornal Folha de S.Paulo, ele acusou supostas milícias bancadas por comerciantes para manter a ordem na periferia de estarem por trás desses assassinatos. Os crimes acontecem, segundo ele, no vácuo do policiamento provocado pela greve.“Esses grupos estão se aproveitando da greve, que reduziu o policiamento, para ‘limpar’ a área e matar quem estava incomodando”, disse Gallas ao jornal.

De acordo com a reportagem, os alvos são usuários de drogas, moradores de rua e desafetos das milícias que antes controlavam as áreas mais violentas. A suspeita é que os grupos paramilitares operem sob proteção das próprias polícias de Salvador.

Fonte: Carta Capital