FNP rejeita proposta apresentada pela Petrobrás

Como se não bastasse descumprir o calendário de greve que ela própria indicou e abandonar os trabalhadores da Bahia, que deflagraram greve no dia 16 junto com os sindipetros da FNP e Sindipetro-RJ, a FUP agora defende a suspensão da greve e a aceitação da nova proposta da Petrobrás, costurada com o presidente da companhia José Sergio Gabrielli. Entretanto, a proposta nem de perto atende as reivindicações da categoria.
Por isso, a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) e seus sindicatos indicam a rejeição da nova proposta da Petrobrás. Cabe agora aos trabalhadores das 17 bases petroleiras do País desmascarar esse grande jogo de cartas marcadas entre FUP e Petrobrás, derrotando nacionalmente o indicativo da FUP e exigindo das direções traídoras a construção de uma greve nacional unificada.
Durante a greve por tempo indeterminado, que aconteceu nos dias 16, 17 e 18 de novembro, os petroleiros da Bahia mostraram que é possível ir pra luta à revelia da alta cúpula da FUP. Mesmo com toda a truculência e pressão da companhia, que lançou mão de guarda armada, grupos de contingência, interditos proibitórios e cárcere privado, seis bases petroleiras realizaram greve. Agora, é hora de todos irem à luta!

“Avanços” apenas repõem o que foi retirado da categoria

A propagandeada conquista apresentada pela FUP, após reunião com Gabrielli, apenas resgatou direitos que já existiram, como a dobra no feriado extra turno de 7 de setembro. Do mesmo modo, já existiu o avanço automático de nível de 12, 18 e 24 meses. Ou seja, não há avanço, mas sim reposição daquilo que foi retirado à força da categoria. É evidente que queremos repor os direitos perdidos, mas justificar a reposição parcial de outro item para aceitar a proposta frente à desvalorização da categoria e a falta de igualdade e isonomia é uma grande traição.
Mesmo os “perduricalhos” mínimos fechados com Gabrielli foram fruto da greve realizada nas bases da Bahia, Sergipe/Alagoas, São José dos Campos, Litoral Paulista, Rio de Janeiro e Pará/Amazonas/Maranhão/Amapá, que deram uma demonstração real de que a categoria queria ir a greve contra a vontade e a proposta da FUP, que fez tudo o tempo todo contra a unidade da categoria para não fazer a greve contra o governo. O mesmo governo que promete leiloar blocos do pré-sal em 2012, que está privatizando os aeroportos e transformou os Correios em SA.

A mentira do aumento real pregado pela FUP

 
Antes mesmo da reunião com o senhor Gabrielli, que supostamente mudou a opinião do CD sobre a proposta da empresa, o coordenador da outra federação disse o seguinte à imprensa no dia 16, quando resolveu “adiar” a greve: “Estão atendendo as questões financeiras”. Ou seja, antes mesmo dos “avanços concedidos” pelo presidente, já considerava a proposta econômica satisfatória. Para piorar, numa tremenda demagogia diz que a imprensa ataca os petroleiros, nos chamando de marajás, mas copia o discurso patronal e da imprensa burguesa de que o aumento na tabela de RMNR, uma remuneração variável que não incide em FGTS e INSS, “garante um ganho real entre 2,5% e 3,25%, o maior obtido este ano, comparativamente com as demais categorias organizadas”.
É muita cara de pau dizer que existe aumento real numa proposta cujo reajuste no salário básico são 7,23% (IPCA), excluindo por mais um ano os aposentados e pensionistas através de abonos discriminatórios.
 
Petroleiros precisam de valorização e não enrolação!

Chegou-se à segunda proposta apresentada pela empresa e, sem avanços substanciais, a mesma foi rejeitada nas 17 bases petroleiras do Brasil. O lema desta campanha salarial é a nossa valorização através de um reajuste no salário básico que caminhe em direção à reposição das perdas de quase 20 anos. Estamos há 16 anos sem aumento real no salário básico. Por isso, queremos 17% de reajuste.
A empresa apenas apresentou 7,23% para cobrir a inflação. Outras categorias conquistaram mais e não podemos ficar atrás! Seja porque não vem aumento real, seja porque a maioria das reivindicações não é reconhecida, nós – petroleiros – estamos fartos de sermos desvalorizados. Trabalhamos em uma das maiores empresas do mundo, com lucros exorbitantes anuais.
Em 2011, a Petrobrás conquistou o 2º lugar das empresas mais lucrativas da América Latina com R$ 28,2 bilhões. Em relação aos nove primeiros meses de 2010, o aumento do lucro líquido neste ano foi de 15% (R$ 28 bilhões 264 milhões). Em dez anos, segundo a própria companhia, o Brasil será o maior produtor de petróleo do Mundo. Esses são os resultados da 3ª maior empresa de energia do mundo e 8ª maior empresa global por valor de mercado e a maior do Brasil.
O contraste deste lucro com nossos salários é abismal. Precisamos dar um basta neste descaso. O Governo e os grandes acionistas precisam saber que se há lucro de bilhões é porque 80 mil petroleiros e mais de 350 mil terceirizados se arriscam na indústria do petróleo para que os resultados aconteçam.

Igualdade e Isonomia Já

Repetimos estas palavras de ordem porque no Sistema Petrobrás elas não existem e queremos que passem a fazer parte, pelo menos, dos direitos dos petroleiros. Seja porque somente na Bacia de Campos há direitos para os petroleiros embarcados que não há em outras plataformas do país, seja porque não há isonomia entre petroleiros da Petrobrás e petroleiros da Transpetro, seja porque não há condições de trabalho iguais para homens e mulheres, seja porque uns têm direito ao Petros BD, outros não, outros ainda têm o Seguro… Ou seja, na maior empresa do Brasil não há o reconhecimento da igualdade.
Os petroleiros da Petrobrás têm direitos a AMS quando aposentados, já os da Trasnpetro não; alguns petroleiros ainda mantêm os pais na AMS; outros, não; o Dia do Desembarque só existe na Bacia de Campos, os demais não o tem; há unidades operacionais que não possuem vestiários e/ou banheiros femininos na área. Mesmo nas cláusulas de SMS podemos notar diferenças entre o Acordo Petrobrás e o Acordo Transpetro. Enquanto que para a Petrobrás as unidades operacionais do Abast, E&P e Gás e Energia poderão contar com dois enfermeiros e médico por grupo de turno, na Transpetro os Técnicos de Operação não estão cobertos com esta garantia.
Isso sem falar nos mais de 350 mil terceirizados, que têm direitos muito piores, como o regime de embarque 14X14, salários mais baixos, condições precárias de trabalho, constantes calotes e risco iminente de demissão.

Por isso, a categoria exige:

 - AUMENTO REAL no salário-base / Incorporação da RMNR no salário-base

- Reabertura e Revisão do PCAC com Melhorias Já!

- Inclusão de pais na AMS / AMS igual para petroleiros da Transpetro

- ISONOMIA dos empregados de todo o Sistema Petrobrás

- APOSENTADORIA ESPECIAL para todos os Petroleiros expostos a agentes químicos

- Reabertura do PETROS BD para todos os petroleiros

- Pela GARANTIA de condições de trabalho às petroleiras iguais as dos petroleiros

- Extensão do Auxílio Amazonas e Deslocamento

Fonte: Boletim da FNP