Revoluções Árabes foram temas do Adusb Debate

Diferentemente do conceito veiculado pela grande mídia, os levantes populares registrados no mundo árabe nos últimos meses não é homogêneo e têm características próprias com seus aspectos geográficos e históricos, além de divisões étnicas e culturais. A abordagem foi apresentada pelo estudioso no assunto e professor de História Contemporânea da Universidade de São Paulo (USP), Dr.Oswaldo Coggiola, durante o projeto “Adusb Debate” realizado na última sexta, 14, na abertura das comemorações pelo dia do professor. 

O palestrante iniciou o seu raciocínio a partir de uma exposição histórica sobre o surgimento dos conflitos naquela região originado com a divisão territorial entre França e Inglaterra, países vencedores da Primeira Grande Guerra Mundial no final da segunda década do século XX. Outro fator, segundo explicou, foi a influência da URSS e a revolução socialista sobre os países árabes, além da crise petrolífera nas décadas de 70 e 80, gerando as cíclicas turbulências econômicas registradas até os dias atuais.

Coggiola frisou que os conflitos não têm nenhuma relação com o Islamismo. Também garantiu que as manifestações não têm o cunho classista com a organização da classe trabalhadora em entidades sindicais, visto que a massa de trabalhadores é formada essencialmente por estrangeiros.

Ao trazer para o debate para a contemporaneidade, o palestrante revelou que as revoltas começaram com o pedido de democracia e se ampliou para a derrubada dos governos monárquicos e ditatoriais, seguida da luta por estados nacionalistas. Ao se debruçar sobre os levantes na Líbia e a queda do ditador Muammar Kadafi, Coggiola avaliou que a possibilidade de intervenção externa na Líbia é remota visto que a tomada do poder naquele país se deu pelos representantes do capital, apesar de a luta ter se iniciada com a organização das camadas populares.

Coggiola refutou a informação divulgada pelo governo dos EUA na última semana quanto à descoberta de um suposto atentado contra a embaixada da Arábia Saudita nos Estados Unidos promovido pelo Irã. Para ele, esta é mais uma ação preparatória para intervenção militar no Irã.

Antes de finalizar o debate, afirmou que as revoluções transformaram o mapa político da região e que uma nova crise petrolífera se avizinha com proporções incalculáveis para o mundo capitalista.