Universidade da Bahia faz críticas ao governo Jaques Wagner

A reitoria da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), uma das quatro universidades estaduais da Bahia, fez críticas públicas à gestão Jaques Wagner (PT) em razão de cortes nas verbas de custeio e de investimento da instituição para 2012.
Em nota no último dia 2, a reitoria disse ter tomado conhecimento “com surpresa” de “drástica redução” de R$ 6,6 milhões no orçamento de custeio e de investimento da instituição para 2012, queda de 14,8% a em relação à cota de 2011.

A universidade disse ainda que “não houve discussão prévia” sobre o corte, apontou “impossibilidade de atendimento das demandas” para o próximo ano e que se viu “na obrigação de informar” o público interno e externo da instituição sobre os fatos.

A nota da Uefs também reconhece que a cota total destinada pelo governo às quatro universidades estaduais cresceu 11,2% de 2011 para 2012, de R$ 725 milhões para R$ 806 milhões, preservando o percentual legal de 4,8% da receita corrente líquida do Estado.

Diz ainda que os recursos totais destinados à Uefs também cresceram de R$ 159,4 milhões para R$ 177,3 milhões, mas que o aumento está concentrado em gastos com pessoal, sobre os quais “a Uefs não tem qualquer governança”. Mantidos esses valores, segundo a instituição, investimentos em projetos, obras e reparações serão “reduzidos a zero”.

Governo aponta tom político em manifestação

O coordenador de ensino superior da Secretaria da Educação da Bahia, Clóvis Caribé, apontou motivação política na nota da Uefs. Disse que o próprio documento reconhece que não houve corte no orçamento das universidades estaduais para 2012 e que a redução nas verbas de custeio e de investimento foi necessária para cumprir acordo fechado com os professores, que fizeram greve de dois meses neste ano.

“Você não fabrica dinheiro. Fizemos um acordo salarial com os professores que tem impacto, daí o remanejamento de recursos”, afirmou Caribé ao iG. O funcionário também negou que o corte não tenha sido discutido e afirmou que investimentos estão reduzidos no Estado em razão do contingenciamento de recursos determinado pela gestão Wagner no início do ano, como consequência da retração econômica em 2011 no Brasil e no mundo.

Encerrada em junho, a greve dos professores das quatro universidades estaduais da Bahia deixou 60 mil alunos sem aula e causou desgaste político à gestão petista no Estado, que chegou a cortar o ponto dos grevistas.

Os professores discordavam da proposta do governo de conceder aumento e congelar negociações salariais até 2014. Também criticavam o decreto do governo que reduziu despesas na administração estadual. Pelo acordo, o período de congelamento de ganhos reais aos salários dos professores caiu de quatro para dois anos. O governo também se comprometeu à época a discutir com a categoria os impactos do contingenciamento de despesas sobre o setor da educação superior.

Fonte: IG Educação