Seminário do Andes-SN discute o papel da educação básica nas universidades

Dando seguimento às atividades do Seminário Nacional Em defesa da autonomia universitária: Colégios de Aplicação, formação docente e educação pública de qualidade, a segunda mesa de debates, no dia 22/8, contou com a participação do vice-presidente do Conselho de Diretores dos CAp (Condicap), professor Luiz Carlos Lacerda, e do diretor do ANDES-SN, Carlos Tonegutti. A atividade foi promovida na sede do Sindicato Nacional.

O professor Carlos Lacerda, iniciou sua explanação afirmando que o Condicap não se retirou da mesa de negociação com o governo durante a construção da minuta de regulamentação dos colégios de aplicação. O docente deu esse informe por conta de alguns relatos preocupados sobre a construção do documento. Ele esclareceu que, embora o Condicap esteja debruçado na tentativa de conciliar questões do movimento e aquilo que o governo não abre mão, as propostas já vêm prontas, cabendo aos diretores dos CAp construir uma proposta alternativa que contemple os colégios: “Somos diretores e também professores. É claro que não optaremos por um caminho que fragilize os colégios de aplicação”, afirmou.

CAp nas universidades
O professor Lacerda em sua fala também questionou as razões que levam colégios de aplicação e docentes dessas escolas a necessariamente se reafirmarem enquanto professores das universidades: “Sempre perguntam: por que educação básica no âmbito das universidades? Ninguém questiona se a universidade tem que ter graduação, mas se questiona o ensino básico. E os professores mais antigos dizem que esta não é uma discussão recente”, ressentiu-se.

Ele também afirmou que mesmo no âmbito da universidade, muitos colégios não conseguem dar conta de mostrar a imensa gama de trabalhos realizados nessas escolas, entre ensino, pesquisa e extensão: “Neste contexto foi criado o Condicap, já que a própria universidade não assume, da maneira como deveria, os colégios de aplicação. De fato, o que percebo é que alguns reitores não querem ter desgaste político em assumir os problemas dos colégios”.

RAP
Outro ponto abordado foi a relação aluno-professor imposta pelo governo, que inicialmente era de 1/20 e depois da contraproposta do Condicap passou a ser de 1/18. Carlos Lacerda mostrou-se convencido de que não há como reduzir mais a relação aluno-professor do que a atual colocada pelo governo: “Isto é algo que eles não abrem mão”, afirmou.

Papel social das universidades
O professor Carlos Tonegutti traçou um histórico do perfil das universidades nos séculos 19 e 20. Segundo Tonegutti, as universidades inglesas tinham como foco as atividades de ensino. Já o modelo de universidade americana focava na pesquisa. Na virada do século 19 para o 20, a universidade americana passou a atuar também com atividades de extensão. No Brasil, as instituições de ensino superior surgem, tardiamente, dentro de um modelo de instituições francesas, modelo de certa forma adotado em muitos outros países na América Latina: “As nossas universidade trazem contradições nas concepções de universidade e se refletem também nos colégios de aplicação”, contextualizou.

Essa questão está presente até hoje nas universidades brasileiras. Segundo Tonegutti, esse conjunto de componentes também define como a sociedade percebe a função social da instituição. “Nesse sentido, podemos considerar a universidade um campo de luta constante. E esse jogo de poder também acontece nos colégios de aplicação, já que é uma unidade da universidade”.

Para o dirigente do ANDES-SN, é preciso assegurar o protagonismo da universidade em atuar no desenvolvimento da sociedade: “Neste sentido, o Andes-SN também defende a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, que é um preceito constitucional e os colégios de aplicação têm a função de tornar acessível à sociedade esse fazer acadêmico”, afirmou.

Fonte: Adufrj - Seção Sindical