Docentes ocupam Assembleia Legislativa na Bahia

 

Paralisados há quase dois meses, grevistas tiveram os salários cortados pelo segundo mês consecutivo

Os professores em greve das universidades estaduais da Bahia continuam acampados nessa quinta-feira (02) na Assembleia Legislativa de Salvador. Eles querem a abertura das negociações com o governo de Jaques Wagner (PT) para avançar nas reivindicações da categoria. Na última sexta-feira (27), em reunião com representantes dos grevistas, o governo disse que não apresentaria nenhuma nova proposta e apenas analisaria as demandas dos professores.

Os manifestantes, em greve há quase dois meses, tiveram os salários cortados pelo segundo mês consecutivo. De acordo com o professor Otto Vinicius, da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), o governo tem se mostrado intransigente.

A contraproposta da categoria de nova redação de uma das cláusulas da campanha salarial foi ignorada. Segundo a cláusula, uma gratificação por Condições Especiais de Trabalho seria incorporada no salário-base dos professores em parcelas até 2014. No entanto, ao redigir o acordo, o governo condicionou a incorporação à não negociação de aumentos salariais aos docentes por quatro anos.

A gratificação por Condições Especiais de Trabalho significa um aumento em quatro anos, que varia de 7% a 18%, a depender do nível da carreira do professor. “Desde abril, a cláusula já teve três redações diferentes, mas continua o congelamento dos nossos salários por quatro anos. Ou seja, durante esses anos, teríamos só a gratificação e mais nada. Estamos ainda na estaca zero, não avançamos nesse sentido”, conta Vinicius.

Outra exigência dos grevistas é a retirada das Universidades do decreto 12.583, que prevê o contingenciamento de verbas para o funcionalismo público no estado. Pelo corte, ficariam proibidas as promoções, contratação de professores substitutos, além de verbas para eventos e viagens. Segundo Vinicius, o governo falou, durante reunião com os docentes, que as verbas das universidades não seriam cortadas. No entanto, não há segurança jurídica de que isso aconteça.

“Por isso, desde terça-feira (31) estamos ocupando o salão da galeria dos ex-presidentes na Assembleia, com mais de 300 professores, alunos e técnicos administrativos. A disposição é de permanecer e resistir para avançar. Nós não temos alternativa”, conta o professor. Em assembleia nesta quinta-feira (01), os grevistas avaliam os rumos da mobilização e da ocupação.

Sobre o corte dos salários dos grevistas, Vinicius conta que isso nunca aconteceu. “Essa atitude foi muito radical, inclusive houve corte do salário até dos dias trabalhados. A nossa relação com o governo não tem sido nada amistosa. O tratamento que é nos dado tem sido uma decepção”.

Condições precárias para o ensino

Os docentes das Universidades baianas tem o segundo pior salário de toda a região Nordeste, ficando a frente apenas dos professores do Maranhão. O professor assistente, por exemplo, que é o segundo nível da carreira, possui um salário base que não chega a R$ 2 mil.

“As universidades também estão funcionando em condições precárias, faltam laboratórios, materiais fundamentais, tem pouca política de assistência estudantil, tem problemas de bolsas. Por isso, os professores saíram em greve com essa bandeira unificada, da defesa da Universidade pública e conservação do seu patrimônio”, explica o professor da UEFS, Otto Vinicius.

A greve docente ocorre na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), na Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Universidade Estadual da Bahia (UNEB) e Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). As greves foram deflagradas entre os dias 8 a 26 de abril e conta com a participação de cerca de 5 mil professores. Aproximadamente 60 mil estudantes estão sem aulas. Os estudantes da UESB e UESC também estão em greve, em apoio ao movimento docente e por melhorias na assistência estudantil.

Fonte: Brasil de fato