Professor defende que atividade docente não obedeça critérios de produtividade

O professor da Universidade de São Paulo - USP, Francisco Miraglia, 1º vice-presidente da Regional São Paulo do ANDES-SN, defendeu durante o 5º Encontro Intersetorial da entidade, que a atividade docente não pode ser submetida aos critérios de avaliação produtivista.  De acordo com ele, "o trabalho intelectual possui um caráter artesanal  que lhe é intrínseco e sem o qual é completamente descaracterizado. Em particular, é uma forma de trabalho que não pode ser submetido a critérios e métodos de avaliação de produção industrial".

Miraglia observou que a maioria dos seus colegas docentes não está satisfeita com os critérios e métodos da Capes e do CNPq. "Os professores estão infelizes, mas não vêem saída. É nossa obrigação política, enquanto Sindicato da categoria, apontá-la". Para  encontrar essa saída, o professor sugere um conjunto de ações a serem discutidas pelo Sindicato Nacional, fundamentadas na concepção de universidade pública, gratuita e autônoma, e no fazer acadêmico, amparado no tripé ensino-pesquisa e extensão.

Segundo o professor, o  ANDES-SN deverá questionar e intervir nos critérios e métodos de avaliação das agências financiadoras; lutar para implantar  uma quantidade significativa de recursos orçamentários de cada universidade destinados exclusivamente ao desenvolvimento da pesquisa na instituição, ampliando o exercício da autonomia universitária; e envolver os estudantes e suas organizações no embate em prol de um trabalho acadêmico de qualidade, mostrando, em particular, como o modelo agora em implantação precariza o Ensino e o acesso dos estudantes à produção de saber crítico e à preparação adequada ao trabalho na sociedade.

O 1º vice-presidente da Regional São Paulo defende que, nesse processo, o ANDES-SN mostre disposição para o diálogo com o coletivo dos docentes, levando para esta tarefa tanto preparo teórico quanto prático. Ele aconselha também que o sindicato jamais criminalize genericamente sua base. "É central para a nossa expansão e consolidação que continuemos a construir condições para a convivência de diferentes visões políticas no interior do ANDES-SN".

Propõe, também, que, sem prejuízo de novas idéias, o movimento docente dê materialidade às deliberações dos Conads e Congressos do ANDES-SN, que contém várias propostas já discutidas e aprovadas para tratar da questão da aproximação do Sindicato com sua base. "Precisamos tirá-las do papel e incorporá-las em nosso cotidiano acadêmico e político", conclamou.

Sugere, ainda, que, para enfrentar os ataques do governo e aliados, o Sindicato estude e implante formas de organização local diferentes da de seção sindical, que possibilitem a participação daquela parte da base que deseja ser representada pelo ANDES-SN. "Temos que fazer  as readequações no estatuto do Andes para prevenir futuros ataques e abarcar todos que querem fazer a luta política".

Por fim, Miraglia exaltou o grande instrumento de luta que é e deve continuar sendo o Sindicato Nacional docente. "Se estamos sob ataque é porque somos forte, porque incomodamos", afirmou.

Fonte: ANDES-SN