Negacionismo de Bolsonaro faz pandemia voltar a crescer no Brasil

Um filme triste (e repetido) tem sido visto pelo brasileiro nos últimos dias. Após quase dois anos do primeiro caso de covid-19 no país, mais uma vez a pandemia castiga o Brasil. Na quinta-feira (3), o número de mortos voltou a estar próximo de mil pessoas, já os casos confirmados atingiram o maior número em um só dia: 286.050 mil.

A variante Ômicron, mais contagiosa, fez retornar aos noticiários manchetes que pareciam ter ficado para trás. De todos os estados da nação, apenas dois (Acre e Rondônia) não apresentam tendência de alta na contaminação. Em 10 estados, mais o Distrito Federal, as UTI’s estão superlotadas, com equipes médicas clamando pela abertura de mais leitos.

A situação poderia ser pior, caso o discurso negacionista e antivacina de Bolsonaro tivesse colado na população. Se não há um número mais elevado de mortes é devido à vacinação em massa. Nesta semana, o Brasil superou a marca de 70% da população totalmente vacinada, contrariando o discurso do presidente.

Política genocida

Ainda que o Brasil já esteja próximo da marca de 630 mil pessoas mortas pela covid-19, Jair Bolsonaro segue com seu discurso negacionista e direcionando as políticas adotadas pelo país baseando-se no desprezo pela vida.

O presidente contrariou a ciência novamente, em meados de janeiro, dizendo que a melhor maneira de criar imunidade é sendo infectado. O pensamento que segue fazendo centenas de vítimas todos os dias foi divulgado amplamente pelas redes sociais do ex-capitão do exército.

Para abafar os efeitos catastróficos decorrentes das posições de Bolsonaro, o governo simplesmente sabota a contagem de casos e mortos. A plataforma digital do Ministério da Saúde está sem funcionar corretamente há mais de dois meses. Um crime que ocorre às claras.

Sabotagem na vacinação infantil

O mês de janeiro terminou com uma triste marca. Nunca os internados em UTI’s de covid-19, na casa de 0 a 11 anos de idade, foram tantos. Estes já representam 4,8% de todas as internações, o índice é o dobro do registrado no pior momento da pandemia, em 2021.

Mesmo com esta situação, o Planalto vem sabotando a vacinação de crianças. Além de atrasar a campanha e entrar em guerra contra a Anvisa, que liberou a vacina para o público infantil, a falta de doses e a desinformação estão fazendo estragos.

Apesar de ter a capacidade de vacinar 2,4 milhões de crianças por dia, o número de doses aplicadas tem sido de apenas 130 mil. Até o momento, 1,9 milhão de crianças já receberam a primeira dose, o que equivale a 10% do público alvo.

Pela escassez de vacinas, a cidade do Rio de Janeiro teve de interromper a vacinação do público infantil na quarta-feira (2). O procedimento só retornou ao normal nesta sexta-feira (4).

Além disso, a ministra Damares Alves, do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, endossou uma nota técnica contrária à exigência do comprovante de vacinação contra a covid-19 para crianças.

Contrária a obrigatoriedade da vacinação, Damares também defendeu um “disque denúncia” para aqueles que se sentirem discriminados por escolherem não vacinar seus filhos. A atitude desrespeita o ECA (Estatuto da Criança e Adolescente) e põe em risco a saúde de todos.

O comprovante de vacinação vem sendo exigido em espaços privados e públicos como critério de permissão e entrada, bem como forma de manutenção de medidas sanitárias. A obrigatoriedade da vacinação infantil, prevista pelo ECA, é defendida pelas autoridades médicas.

 

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