Brasil ultrapassa 250 mil mortes pela Covid-19, com pandemia sem controle, UTIs lotadas e poucas vacinas

No dia 25 de março de 2020, ao falar com apoiadores em frente ao Palácio da Alvorada, Jair Bolsonaro desdenhou de uma pergunta de um jornalista e duvidou que o Brasil poderia chegar a 200 mil mortos pela Covid-19.  Nesta quarta-feira (24) superamos a perda de 250 mil vidas de brasileiros (as) na pandemia.

Essa postura de Bolsonaro se repetiu diversas vezes ao longo do ano passado. Tem sido assim, com descaso, desrespeito às vítimas e negligência que seu governo tem lidado com a pandemia e, por isso, as 250 mil mortes no país podem ser creditadas a sua política genocida.

Um ano depois do primeiro caso oficial de contaminação pelo novo coronavírus, epidemiologistas e outros especialistas da área da Saúde afirmam que o Brasil vive um dos piores momentos da pandemia: com a disseminação descontrolada, novas variantes do novo coronavírus em circulação, UTIs lotadas e o que é pior: sem um plano de vacinação em massa em execução.

Os números dão a dimensão do genocídio em curso. Nesta quarta-feira, foi registrada a maior média móvel de óbitos de toda a pandemia: 1.127 pessoas. Há 35 dias, esse patamar macabro de 1.000 mortes diárias tem de se repetido. Somos o segundo país com mais mortes pela doença em números absolutos, atrás apenas dos EUA (503.529 óbitos).

Enquanto isso, a crise sanitária se agrava. Segundo levantamento do jornal Folha de S.Paulo, em 7 das 27 unidades federativas do país, o pico de mortes por Covid-19 já superou o auge da pandemia no ano passado.  É o caso dos estados de Roraima, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Paraná e Amazonas.

Ao menos 12 estados mais o Distrito Federal estão com taxas de internação por Covid acima de 80%, com a rede de saúde à beira do colapso. O estado do Amazonas segue um cenário de cenas tristes e assustadoras, mergulhado num caos sanitário.

Vacinação patina

Já a vacinação, única solução para por um fim à pandemia, aqui no Brasil segue a passos de tartaruga. Pouco mais de um mês do início da campanha, até agora somente 7,6 milhões de doses foram aplicadas (3,82% da população acima de 18 anos) e o envio de vacinas para os estados ficou paralisado nos últimos dias por os estoques acabaram.

Como Bolsonaro e Pazuello não se preocuparam em adquirir vacinas já no ano passado, como fizeram vários países, não há doses suficientes no país.

Sem falar nos casos de fura-filas e erros absurdos e má gestão do general Pazuello no Ministério da Saúde. Esta semana veio à tona que Pazuello, considerado pelo governo como “expert” em logística, confundiu Amazonas com Amapá e trocou a quantidade de doses enviadas a cada estado. Amapá recebeu 78 mil doses e o Amazonas menos de 3 mil.

As únicas vacinas em uso no país é a CoronaVac, que Bolsonaro também desdenhou no ano passado, e o imunizante da Oxford/AstraZeneca. Outras vacinas, como da Pfizer, Sputnik V e outras, não há nada de concreto.

Ao invés de garantir vacinas, a política genocida deste governo de ultradireita apostou e segue apostando em um inexistente “tratamento precoce” com cloroquina e azitromicina, que não tem eficácia comprovada no combate à Covid. Pelos gastos públicos considerados ilegais pelo TCU (Tribunal de Contas da União) o Ministério está sendo investigado.

Quarentena geral já, com garantia de renda, empregos e vacinação

Diante do agravamento da pandemia, sem saída, várias cidades começam a decretar como toques de recolher e até lockdown. É o caso de Araraquara (SP), que determinou fechamento completo de todas as atividades não essenciais desde o último dia 21 até o próximo dia 27, pois todos os leitos e vagas de enfermaria estão 100% lotadas, ao mesmo tempo em que os casos aumentam.

Mas a maioria dos governos resiste em adotar uma quarentena geral, única forma de frear a disseminação da doença e permitir um fôlego aos sistemas de saúde. Os governos de São Paulo, Rio Grande do Sul, Bahia, Pernambuco, Goiás, Paraíba, Ceará e Piauí, segundo levantamento do O Globo, anunciaram por enquanto apenas medidas restritivas de circulação de pessoas entre as 23h e 5h.

O Programa Emergencial da CSP-Conlutas para enfrentamento da Covid, lançado no final do ano passado, defende que é preciso que seja adotado no país uma quarentena geral, com o fechamento de todas as atividades, com exceção das essenciais, por pelo menos 30 dias.

Além disso, é preciso garantir auxilio emergencial e renda para todos os trabalhadores e pequenos empreendedores, além de proteção aos empregos com garantia de estabilidade. E, principalmente, a vacinação tem de ser garantida para toda a população de forma imediata.

A Central defende ainda que esta é uma luta que é indissociável ao combate ao governo genocida que hoje está no comando do país. Por isso, mais do que nunca, é Fora Bolsonaro, Mourão e Pazuello, já!

CSP-Conlutas