Aumento de casos de Covid-19 na Europa sinaliza para catástrofe anunciada no Brasil

A reabertura de setores econômicos em países europeus e a flexibilização da quarentena nesses locais têm provocado um aumento de contaminação e mortes pela Covid-19. Como o Brasil não é uma ilha, será uma questão de tempo para esse cenário que repetir também aqui.

De acordo com ECDC (Centro Europeu para a Prevenção e Controle de Doenças) na última sexta-feira (23) a Europa ultrapassou os 8,2 milhões de casos com mais de 258 mil mortos pela doença.

Essa elevação nos números acendeu o alerta para uma segunda onde de contágio em ao menos 23 países da Europa, o que tem levado para o retorno do fechamento de setores da economia e o aumento das restrições de descolamento das pessoas.

Na França, cidades como Paris e Lyon, determinaram um toque de recolher obrigatório, assim como 39 outros distritos franceses, medida que impactará 46 milhões de pessoas. No país, o número de mortos passa de 34 mil.

O mesmo está ocorrendo no Reino Unido que registra 44 mil mortos, e aumentou as restrições de circulação de pessoas. O impacto maior ocorreu no País de Gales que decretou confinamento até ao dia 9 de novembro. O mesmo ocorre na Irlanda, que voltou com o confinamento das pessoas que durará por seis semanas.

As restrições também ocorrem na Bélgica, com toque de recolher noturno. Na Itália, a Lombardia no norte, um dos países que mais sofreu no início da pandemia, também adotou a medida que vai durar três semanas. O mesmo ocorre na Grécia, Atenas e Tessalónica. Cenários parecidos foram adotados na República Checa e Eslováquia, cujo número de contaminados cresceu nas últimas semanas.

Em Portugal, que era considerado modelo no controle da doença, o número de contaminados chegou a mais de 109 mil e os óbitos 2 mil, em ritmo acelerado. No país, também foi aplicado restrições e confinamento da população. Na Espanha, que já atinge a marca de 34 mil mortos e mais de um milhão de infectados, o próprio chefe de governo reconheceu que o número de casos pode ser maior e atinge 3 milhões de pessoas, e por causa disso vai adotar medidas restritivas para a população no combate à doença.

Brasil pode viver tragédia pior

Esses países europeus listados acima enfrentaram a doença antes do Brasil, adotaram medidas restritivas, testagem em massa para o controle do coronavírus. Com essa reabertura, os europeus se depararam agora com um novo pico da doença, que parece estar longe de terminar.

No entanto, desde o início e potencializado após a reabertura, no setor econômico e produtivo em nenhuma fábrica houve restrição, por isso, todos os trabalhadores seguem obrigados a trabalhar, como ocorreu também aqui no Brasil. Com exceção de alguns países que aplicaram o confinamento mais severo de poucos dias, a indústria seguiu operando normalmente.

Essa situação preocupante em que vive a Europa poderia ser evitada aqui no Brasil, cuja primeira onda não acabou. O Brasil ainda é um dos países com mais números de contaminados e mortos pela doença. No entanto, ao contrário disso, Bolsonaro e governos nos estados ampliam a flexibilização da quarentena, a reabertura de setores econômicos e quer o retorno da volta às aulas.

No Brasil, ao contrário de países europeus, não há testagem em massa para o controle da doença, que segue, apesar da diminuição do número de contaminados e mortos, com números diários elevados de contágio e óbitos.

A segunda onda aqui pode ser uma verdadeira tragédia, e que atingirá os trabalhadores e a população das periferias, mais vulnerável, cujo governo não está garantindo a quarentena digna com remuneração e manutenção dos empregos, até que a vacina imunize a população.

Famílias inteiras podem ser expostas à doença com o retorno escolar previsto para ocorrer nos próximos meses.

Bolsonaro e governos locais seguem com a política do libera geral, enquanto o povo não tem garantido renda, emprego e se expõe ao vírus cotidianamente.

Se beneficiam de dinheiro destinado ao controle da doença, como vimos no caso do vice-líder do governo no Senado Chico Rodrigues (DEM-RR), acusado de desvio de verba para o combate à Covid-19 para beneficio próprio.

Assim como protagonizam disputas políticas relacionadas à vacina, o que pode retardar que o imunizante chegue mais rápido para a população, assim que for liberado pelos órgãos de saúde.

Contra esse cenário de catástrofe, a CSP-Conlutas reafirma seu programa de proteção aos trabalhadores para combater a crise econômica e sanitária no país.

A Central exige o aumento do auxílio emergencial e seguro desemprego; estabilidade no emprego sem redução de salários e direitos entre outras propostas que estão no programa que pode ser acessado na íntegra aqui.

“É preciso denunciar essa política genocida do governo Bolsonaro, assim como os governos nos estados, que promovem a reabertura econômica para beneficiar empresários, que seguirão explorando os trabalhadores, que são os mais expostos à doença. É preciso exigir que o governo garanta a quarentena geral para todos os trabalhadores, desempregados e pequenos proprietários, com renda de dois salários mínimos para que não aconteça aqui o que temos visto em países europeus. Fora Bolsonaro e Mourão”, destaca o integrante da Secretaria Executiva Nacional Atnagoras Lopes.

CSP-Conlutas com informações da RFI (Portal internacional de notícias)