É preciso repudiar o retorno escolar. Em defesa da vida, volta às aulas só depois da pandemia!

Os governos estão articulando o retorno escolar em pelo menos sete estados, mesmo com a pandemia em descontrole no país. Os números alarmantes de mais de 2,5 milhões de contaminados e 88 mil mortos reforçam que o Brasil ainda está longe de combater efetivamente a Covid-19.

É diante desse cenário que a volta às aulas esta prevista para acontecer nos estados do Maranhão, Rio Grande do Norte, Tocantins, Goias e Pará, em agosto, e em São Paulo e Acre, em setembro.

Em São Paulo, por exemplo, o governador João Doria (PSDB) está flexibilizando as fases criadas por ele mesmo de liberação da quarentena, para que a volta às aulas ocorra. O estado segue com níveis elevados de contaminação, com a doença se expandido para municípios do interior. Ou seja, não existem diretrizes que apontem para uma volta segura, porque o próprio governo descumpre seus protocolos de retorno ao “novo normal”.

A professora do Centro Paula Souza Sirlene Maciel, que também compõe a Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, participou virtualmente de Audiência Pública na Assembleia Legislativa de São Paulo e denunciou que o retorno escolar nesse momento será um verdadeiro genocídio.

 

Publicado por Sirlene Maciel em Segunda-feira, 27 de julho de 2020

De acordo com Sirlene, o país passa por uma crise econômica e sanitária, com o negacionismo do governo Bolsonaro que traz impactos também na flexibilização da quarentena no estado de São Paulo. “O governo sequer vai garantir as condições [mínimas necessárias], porque no Centro Paula Souza eles não vão arcar nem com as máscaras para professores universitários e estudantes, cada um que leve a sua”, alertou.

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Protocolos de segurança estão sendo criados pelas respectivas Secretarias de Educação e são igualmente questionados pela comunidade escolar, diante da precariedade já existente nas escolas.

A comunidade escolar está apreensiva com o retorno, por considerar que essa volta pode levar ao aumento da contaminação e de mortes, já que muitas escolas não têm estrutura mínima e básica de higiene. Em muitas, faltam torneiras para lavar as mãos, água, papel higiênico, o básico.

Outra denúncia feita pelo corpo letivo, aponta que professores e funcionários estão sendo obrigados a comparecerem nas escolas para a entrega de materiais didáticos aos alunos, que não estão conseguindo acessar as aulas remotas.

No Rio Grande do Sul, a CSP-Conlutas entrou com ação contra essa prática que tem exposto a comunidade escolar ao risco de contaminação.

O Ensino à Distância segue sendo fortemente denunciado como não acessível a todos os alunos, por isso, também sem sido alvo de duras críticas pelos professores e estudantes.

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Por isso, em muitos estados, estão sendo sinalizadas greves caso o retorno escolar aconteça. A CSP-Conlutas, via setorial de Educação, reitera que a maioria dos trabalhadores, pais e responsáveis são contra a volta às aulas presenciais. A Central já debateu a política de suspensão do calendário escolar no período da pandemia, com indicativo de greve caso os governos decidam reabrir as escolas, cujo debate está sendo aprofundado.

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A CSP-Conlutas está preparando um forte dia de luta em 7 de agosto como parte das ações contra o governo Bolsonaro e os governos nos estados e municípios que estão flexibilizando a quarentena e expondo à morte e à contaminação a classe trabalhadora.

“Nós temos que organizar as entidades estaduais, as entidades nacionais de todo o país e com essa articulação dos movimentos populares e de juventude organizar o não retorno, rumo à uma greve nacional da Educação para barrar o genocídio em curso em nosso país”, reiterou Sirlene na audiência pública.

Via CSP-Conlutas