UESB aprova ensino remoto mesmo sem garantia de recursos para implementação. Data de início ainda está indefinida.

A reunião do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão da UESB (CONSEPE), desta quinta-feira (9), aprovou o retorno das atividades de ensino da graduação na modalidade remota. A data de início das aulas será discutida após conclusão do debate dos grupos de trabalho do Conselho. Atualmente a universidade não tem recursos financeiros para garantir as condições de suporte e infraestrutura necessárias, nem para implementar os programas de inclusão digital para os estudantes e de capacitação para professores e técnicos.

Leia a nota da diretoria da Adusb sobre o ensino remoto.

De onde virão os recursos?

Desde a apresentação da execução orçamentária da UESB, durante a última reunião do Conselho Superior Universitário (CONSU), em 9 de junho, a comunidade acadêmica tem se mostrado preocupada com a situação financeira da universidade e seus impactos numa possível implantação do ensino remoto. Isto porque tal modalidade de ensino pressupõe o uso de equipamentos específicos, disponibilidade de internet de boa qualidade, capacitação profissional, além de um programa de inclusão digital.

A partir da pesquisa realizada pela Pró-Reitoria de Graduação da UESB, é possível estimar que 3.650 estudantes não possuem acesso adequado à internet em suas casas e 2.638 estudantes não têm equipamento adequado para acompanhar aulas remotas. Cerca de 45% dos professores nunca utilizaram ambiente virtual de aprendizagem e 39,2% têm pouca ou nenhuma experiência com uso dos recursos tecnológicos especificamente associados ao ensino remoto. Portanto, para que ninguém seja excluído, será preciso aporte financeiro para atender às demandas da comunidade universitária. A questão que não foi respondida durante o CONSEPE é exatamente essa: de onde virão os recursos para implementação do ensino remoto?

O governo Rui Costa tem se recusado a repassar as verbas previstas do orçamento anual e que já são insuficientes para as atividades em andamento. Segundo dados da Reitoria, o contingenciamento acumulado de janeiro a março foi de 17,42%. O represamento mensal das verbas de manutenção e custeio foi de 41,82% em abril a 49,18% em junho. Para piorar a situação, a rubrica geral das verbas de manutenção e custeio, não foi repassada em abril e maio. Essa é justamente a rubrica de onde deveriam sair os recursos necessários para implementar o ensino remoto.  

Saiba mais sobre o contingenciamento orçamentário.

Sérgio Barroso, diretor de comunicação da Adusb, aponta que “O ensino remoto, mesmo quando implementado com largo planejamento e em condições razoáveis, para públicos específicos, possui graves limitações, que quebram o tripé ensino-pesquisa-extensão, base essencial do ensino superior de qualidade. Nas atuais condições, há uma grande incerteza sobre a real disponibilidade orçamentária para criar todas as condições necessárias para se garantir que o processo ocorra sem prejuízo da qualidade do ensino, das condições de trabalho e da inclusão discente. Não se trata de ‘tecnofobia’. Ao contrário, os docentes estão acostumados a lidar diariamente com tecnologias nas suas atividades de pesquisa, extensão e ensino, mas de forma presencial. O fato é que para diminuir as várias barreiras criadas pelo ensino remoto, há a necessidade de instrumentos específicos, na forma de equipamentos, infraestrutura ou de capacitação. Cabe à universidade e ao governo garantir o acesso a esses instrumentos à toda comunidade universitária”.

Proposta em construção 

Foram criados três grupos de trabalho pelo CONSEPE para discutir propostas referentes ao formato do ensino remoto que será adotado na UESB. A previsão é de 15 dias até a conclusão das atividades das comissões. Depois desse período, espera-se que as proposições sejam ampla e democraticamente discutidas pela comunidade universitária para posterior avaliação no CONSEPE.

Diversos departamentos e colegiados trouxeram para o CONSEPE propostas relacionadas ao ensino remoto, mas muitas não foram apreciadas pela totalidade das plenárias nem submetidas formalmente ao pleno do conselho. Não se sabe se estas serão encaminhadas aos grupos de trabalho para avaliação. Mesmo sem direito a voto, a Adusb participa dos Conselhos Superiores da UESB para defender os direitos dos docentes e uma educação pública gratuita, socialmente referenciada, inclusiva, emancipatória, laica e de qualidade. Portanto, continuará a acompanhar as discussões sobre ensino remoto na UESB.

Veja o que aconteceu na reunião ampliada da Adusb sobre ensino remoto.

Devido à grande apreensão da comunidade sobre o tema, durante a reunião do CONSEPE a representação da Adusb cobrou da presidência do conselho a divulgação oficial dos encaminhamentos aprovados, mas, até o momento de publicação dessa matéria, nenhuma comunicação da presidência do conselho tinha sido divulgada.