Reabertura do comércio expõe trabalhadores e população à Covid-19 e casos aumentam

A reabertura indiscriminada do comércio determinada em vários estados e municípios nas últimas semanas já começa a apresentar as consequências negativas para os trabalhadores do setor e para a população em geral. Em várias cidades houve explosão de números de contaminados. Minas Gerais, por exemplo, teve de voltar atrás na flexibilização.

Implementada também em regiões como Ceará e Pará, estados que tem elevados índices de contaminação, a reabertura tem sido considerada precipitada por especialistas.

Na capital paulista, o governador João Doria (PSDB) e o prefeito Bruno Covas ( PSDB) anunciaram  que além dos comércios, bares, restaurantes e salões de cabelereiros também poderão abrir com protocolos específicos a partir de segunda-feira (6). A medida compõe o  Plano São Paulo que  tem determinado a reabertura da economia e flexibilização da quarentena. No entanto, após a implementação do plano, a evolução de mortes em todo o estado teve um aumento cinco vezes maior, segundo dados do Seade (Fundação Sistema Estadual de Análise de Dados).

Em entrevista para a BBC Brasil, o epidemiologista Antônio Moura da Silva, professor do departamento de Saúde Pública da Universidade Federal do Maranhão (UFMA), salientou que países como China, Alemanha, Reino Unido, Itália, Espanha e França só começaram a flexibilizar a abertura com a curva de contágio e mortes em declive. A OMS (Organização Mundial da Saúde) tem orientado que o isolamento social é a ferramenta mais eficaz de combate a não propagação do vírus.

Rio de Janeiro, comércio  e bares a todo vapor

No Rio de Janeiro, mesmo diante do alto índice de contaminação e mortes a abertura segue. Além do comércio, bares também reabriram nesta quinta-feira (2), com aglomeração de pessoas nas calçadas e o descumprimento das normas de fechamento desses estabelecimentos que funcionaram, em muitos casos, após as 23h, horário imposto como limite.

Em Nova Iguaçu, de acordo com a comerciária Tatiane Rose, 90% do comércio segue aberto, o que preocupa a trabalhadora. “Nós trabalhadores pobres estamos lançados à própria sorte. O sindicato tem feito a exigência para a proteção dos comerciários com garantia do uso de máscaras e do álcool em gel, mas é preciso mais”, disse.  O Sindicato dos Comerciários de Nova Iguaçu, filiado à CSP-Conlutas, segue com a defesa pelos 30 dias de quarentena geral para os trabalhadores.

Nos setores considerados essenciais e que estão abertos desde o começo da pandemia, como farmácias e supermercados, a entidade está com uma campanha em defesa da vida e pelo fortalecimento da atuação das Cipas (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes), para intensificar a fiscalização das lojas e verificar se estão adotando as medidas de proteção.

Em muitas capitais, a Justiça tem sido acionada para promover a suspensão de decretos municipais que permitem a reabertura, como ocorreu em Duque de Caxias (RJ).

Reabertura do comércio e o aumento casos da região Sul

Em estados da região Sul do país, o avanço da doença começa novamente a preocupar. Em meio à reabertura do comércio, em várias cidades, o número de contaminados praticamente dobrou.

Rio Grande do Sul e Paraná foram os estados que registraram os mais altos crescimentos na comparação entre as duas semanas. No território gaúcho, a alta foi de 129,2% na comparação entre as duas últimas semanas. No estado paranaenese, 105,3%. Em Santa Catarina, a taxa foi menor, de 42,5%.

Passo Fundo (RS) representa a segunda maior taxa de prevalência da Covid-19 na região, ficando atrás somente de Caxias do Sul, de acordo com pesquisa na Universidade Federal de Pelotas. A região passou da fase laranja, para a vermelha e teve que voltar a fechar o comércio. Ainda assim, existe forte pressão para a reabertura.

O Sindicato dos Comerciários de Passo Fundo (RS), filiado à CSP-Conlutas,  também tem alertado para esse aumento e denuncia a exposição dos trabalhadores.

De acordo com o dirigente do Sindicato, Paulo Rigo, no estado, assim como em todo o país, a situação tem se agravado. “Infelizmente, os comerciantes e os grandes empresários continuam com a mesma política de abrir indiscriminadamente. O controle, que deveria ser rigoroso de testagem em massa e o fortalecimento do cumprimento da quarentena não existe em nenhum lugar do país e aqui também temos esse mesmo problema. Por isso, estamos vigilantes para que os comércios cumpram com as normas de proteção dos trabalhadores”, salientou.

Quarentena geral de 30 dias para todos, já!

A quarentena geral de trinta dias para todos os trabalhadores tem sido campanha da CSP-Conlutas desde o início da pandemia. A Central segue com a exigência em defesa da vida, e é contra as políticas de governos locais e de Bolsonaro que em nome de interesses dos patrões está levando a classe trabalhadora à morte e ao risco de contaminação.

A Central defende que o  Estado é que tem de garantir as condições para que os trabalhadores, micro e pequenos empreendedores fiquem em casa, com salários e renda garantidos durante a quarentena. Exige que o governo garanta renda para o sustento dos pequenos empreendedores e crédito que estes pequenos negócios garantam estabilidade dos empregos.

Para proteger os empregos durante esse período, é preciso proibir as demissões.  É necessário a suspensão do pagamento da Dívida Públicas para investir em saúde e na geração de empregos.

Por isso, a CSP-Conlutas defende que o setor de pequenos negócios, assim como o pequeno produtor rural, têm de ficar ao lado da classe trabalhadora na luta contra a exploração que esse decadente sistema capitalista submete a todos. Junto com os trabalhadores, os explorados unidos na luta ficam mais fortes para enfrentar e mudar o sistema.

– Chega de dinheiro para banqueiros e grandes empresários que especulam e demitem trabalhadores em meio a essa crise mundial!

– Vamos exigir do governo Bolsonaro e Mourão as condições de saúde e renda necessárias a toda população pobre e trabalhadora que move esse país!

– Trinta dias de quarentena de verdade já com estabilidade no emprego e salário integral para todos!

– Em defesa da vida, dos empregos e renda! Fora Bolsonaro e Mourão, já!

Com informações do G1 e Uol
Via cspconlutas.org.br