Reunião ampliada da CSP-Conlutas discute lutas no Brasil e no mundo e planeja próximas tarefas

A última reunião do ano da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas aconteceu nesta quinta-feira (12), em São Paulo, de forma ampliada com a participação de representações de várias entidades e movimentos filiados.

Às vésperas do final do ano, dirigentes e ativistas de 17 estados discutiram a conjuntura atual, marcada por lutas em vários países e no Brasil, e apontaram as próximas tarefas, no sentido de avançar na aplicação das resoluções aprovadas no recente 4° Congresso da CSP-Conlutas e responder às demandas das lutas em curso.

A plenária reuniu companheiros e companheiras que estão à frente de fortes mobilizações, como os trabalhadores em Educação do Rio Grande do Sul, que estão em greve; servidores e professores em luta contra a Reforma da Previdência que estão sendo encaminhadas pelos governos nos estados, como do Piauí, Pernambuco, São Paulo, entre outros; e ativistas do movimento popular e de luta contra as opressões que lutam em ocupações, defesa de territórios, contra o genocídio nas periferias, entre outros.

Revoltas populares pelo mundo

A conjuntura internacional marcada por revoluções e revoltas populares em vários países abriu os debates pela manhã. O integrante da SEN e membro do Setorial Internacional da Central Herbert Claros apresentou o ponto e iniciou destacando a onda de manifestações que varre o mundo no segundo semestre.

Herbert citou 19 países: Argélia, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Egito, França, Guiné, Haiti, Honduras, Hong Kong, Índia, Indonésia, Irã, Iraque, Líbano, Espanha, Sudão e Zimbábue.

“A partir da crise econômica mundial as saídas apontadas pelo imperialismo e as burguesias nacionais são as receitas de austeridade ditadas pelo FMI, como privatizações, redução de direitos trabalhistas, reformas previdenciárias, ataques à educação pública. Planos que tem aumentado o desemprego e a miséria dos povos que agora se levantam em verdadeiros processos insurrecionais”, afirmou.

“E as lutas que estamos assistindo são muito parecidas. Todas contra os planos de miséria. No Irã, Zimbábue, Haiti e Equador começaram após o anúncio do aumento dos preços dos combustíveis. No Chile, tem a ver com o aumento nos transportes e hoje a população grita Fora Piñera”, citou.

Herbert citou ainda a greve dos metalúrgicos da GM dos Estados Unidos. “Foi a maior greve em 50 anos, além de outras paralisações importantes como professores em diversos estados norte-americanos”, disse.

O dirigente deu destaque especial às lutas na América Latina que varrem países como Equador, Chile, Bolívia, Colômbia, Haiti. “Uma característica comum em todas as mobilizações é a participação da juventude e das mulheres”, destacou.

A postura de repressão e criminalização por parte dos governos para tentar frear e derrotar as lutas foi ressaltada também por Herbert. “Uma forte e bárbara repressão foram as respostas do capitalismo em crise, desde perseguições, prisões, agressões, estupros e mortes. É preciso solidariedade internacional da nossa classe e denunciar todas essas medidas e fortalecer as lutas de todos os povos”, defendeu.

Ainda como parte da discussão internacional, os participantes gravaram vídeo de apoio à Greve Geral dos trabalhadores franceses, bem como aprovaram moções de repúdio à perseguição de ativistas na Argentina e no Chile.

Lutas no Brasil

O integrante da SEN Luiz Carlos Prates, o Mancha, falou sobre a conjuntura nacional marcada pelos ataques do governo Bolsonaro e mobilizações que seguem ocorrendo no país. Ressaltou a necessidade de apoio e fortalecimento das lutas em curso nos estados, bem como apontou as mobilizações que precisam ocorrer ainda este ano e já no início de 2020.

“Vivemos um momento de grandes lutas na América Latina e os povos lutam contra ataques semelhantes. Aqui no Brasil, vemos um conjunto de violentos ataques, como a MP 905 que visa destruir os direitos, e medidas repressoras, como o pacote anticrime, para criminalizar o povo pobre e os lutadores e inibir as lutas”, falou Mancha.

Após a abertura, tiveram início as falas dos presentes no plenário que aprofundaram as discussões, trazendo também elementos da conjuntura e das lutas nacionais. Destaque para as lutas dos trabalhadores nos estados contra a Reforma da Previdência, bem como a necessidade da luta contra o pacote de medidas do governo Bolsonaro, como a MP 905 e outras.

Vários dirigentes reforçaram a importância da mobilização nacional apontada pelo setor da Educação como uma dia de lutas para 18 de março. Foi defendido que a data possa unificar todos em luta, rumo à uma Greve Geral para derrotar o governo de Bolsonaro e Mourão.

Confira a resolução sobre plano de lutas aprovada pela SEN:

Resolução plano de lutas

A SEN ampliada, realizada em São Paulo, no dia 13 de dezembro de 2019, com a representação de entidades e movimentos filiados de 17 estados, frente à atual conjuntura nacional, discutiu os ataques promovidos pelo governo Bolsonaro e Mourão contra os trabalhadores.

São ataques no sentido de entregar a soberania do país, aniquilar os direitos dos trabalhadores, privatizar a educação e serviços públicos e, para isso, aumenta a violência e criminalização contra os trabalhadores e o povo pobre nas periferias.

Assim, dando encaminhamento ao plano de lutas aprovado no 4° Congresso da CSP-Conlutas, a SEN resolve:

– Incentivar e apoiar a luta contra a reforma da Previdência nos estados e repudiar a postura dos governadores, inclusive dos partidos ditos de “oposição”, como PT, PCdoB, PSB, que vêm reproduzindo no estados e até aprofundando os ataques às aposentadorias feitos pelo governo de Bolsonaro.

– Todo apoio ao ato contra a chacina e o genocídio do povo negro em Paraisópolis (SP), marcado para o dia 14/12. Basta de genocídio negro e criminalização da pobreza.

– Apoiar a greve dos caminhoneiros convocada para o dia 16 de dezembro e incentivar a participação nos estados

– Preparar e realizar um forte de dia luta em todo o país no dia 8 de março de 2020, Dia Internacional de Luta das Mulheres, contra o machismo, a violência e a exploração

– Apoiar e atuar para a realização de um dia nacional de lutas, paralisações e protestos no dia 18 de março, unificando todas as categorias, a partir da greve nacional convocada pelo setor da Educação. Exigir das centrais sindicais a convocação de uma Greve Geral

 

Via CSP-Conlutas