Após audiência no TST, trabalhadores dos Correios fazem assembleia dia 17 e decidem rumos da greve

A greve nacional dos trabalhadores dos Correios entra no terceiro dia nesta sexta-feira (13) e a categoria se prepara para a realização de assembleias em todo o país no próximo dia 17, que vão decidir os rumos da mobilização.

Em audiência de conciliação realizada pelo TST (Tribunal Superior do Trabalho) nesta quinta-feira (12), o ministro relator Maurício Godinho Delgado propôs a suspensão da greve, no prazo máximo até o dia 17, e a manutenção do Acordo Coletivo da categoria até o julgamento, marcado para o dia 2 de outubro.

Por isso, na terça-feira (17), os 36 sindicatos ligados à Fentect e Findect realizarão as assembleias para discutir sobre a proposta do TST e os rumos da luta.

A proposta feita no TST determinou a manutenção de todas as cláusulas do ACT atual, bem como do Plano de Saúde, que a empresa queria suspender. Segundo o TST, a greve afeta atividade essencial e por isso deveria ser mantido 70% dos serviços e trabalhadores em atividade (no geral, e não por unidade de trabalho, como queria a ECT).

Governo e empresa sentem força da greve

Iniciada na noite de terça-feira (11), a greve dos trabalhadores dos Correios conta com forte adesão em todo o país. Pela primeira vez, a paralisação nacional da categoria se deu simultaneamente nas bases dos 36 sindicatos, ligados às duas federações Fentect e Findect.

Em uma ação internacionalista, trabalhadores dos Correios nesta quinta também aproveitaram para pedir liberdade ao ativista argentino Daniel Ruiz

É a resposta dos trabalhadores, cansando e revoltados com os ataques que a empresa quer impor na Campanha Salarial deste ano e com o sucateamento dos Correios, que vem sendo implementado pela direção da empresa e pelo governo com o objetivo principal de preparar a estatal para a privatização.

Mais do que a luta em defesa do ACT (Acordo Coletivo de Trabalho), os trabalhadores dos Correios estão mobilizados para barrar a privatização da empresa, anunciada por Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes. A política de privatização vem precarizando as condições de trabalho e segurança dos trabalhadores, tem levado à piora no atendimento à população e ameaça milhares de empregos.

Para o dirigente da Fentect e da CSP-Conlutas SP, Geraldinho Rodrigues, a empresa e o governo sentiram a força da mobilização e por isso entraram com dissídio no TST, mas seguem intransigentes e querem derrotar os trabalhadores, para avançar com a privatização.

“Antes da greve desta semana, mesmo com a mediação anterior do TST, a empresa e o governo Bolsonaro se negavam a se reunir com as direções sindicais há mais de 40 dias, e insistiam em reduzir benefícios que rebaixariam ainda mais o salário da categoria, que já é o pior entre todas as estatais. Com a greve, tiveram de recorrer ao TST”, disse.

“Mas, a posição da direção da empresa e do governo é de muita arrogância e dureza. Não queriam ceder em nada. Inclusive, o pagamento dos dias parados não houve acordo e vai ficar para o julgamento do TST”, relatou Geraldinho.

Para o dirigente, somente a força da mobilização, a unidade da categoria, bem como o apoio de outros setores da classe trabalhadora poderá garantir os salários e direitos, bem como barrar a privatização da empresa.

“A greve continua e na próxima semana, no dia 17, vamos debater os rumos da luta. Não podemos depositar nenhuma confiança no TST e o resultado do julgamento vai depender da força da nossa mobilização”, avaliou Geraldinho.

A CSP-Conlutas reafirma toda solidariedade e apoio à luta dos trabalhadores dos Correios. É uma luta mais do que justa, não só pela manutenção dos direitos e empregos, mas acima de tudo em defesa desta empresa que é um patrimônio do povo brasileiro e está ameaçada pelo plano de privatização de Bolsonaro, Mourão e Paulo Guedes.

É hora de unificar todas as categorias. A começar por aquelas duramente atacadas pelo governo Bolsonaro com redução de direitos, privatizações e ameaça de demissões como os petroleiros, eletricitários, bancários, servidores, trabalhadores da Educação, e demais categorias em luta , como metalúrgicos e estudantes.

No próximo dia 20 haverá manifestações globais em defesa do meio ambiente e da Amazônia, e do o funcionalismo federal, estadual e municipal em vários estados. Façamos deste dia um grande dia de luta para reforçar também a luta em apoio aos trabalhadores dos Correios, contra as privatizações, a Reforma da Previdência e contra todos os ataques do governo Bolsonaro/Mourão.

Via: http://cspconlutas.org.br